A primeira intervenção de Graça Fonseca na Assembleia da República foi polémica. A nova ministra da Cultura assumiu que não gosta de touradas com uma frase que deixou os aficionados indignados, mas também alguns socialistas. «A tauromaquia não é uma questão de gosto, é de civilização», disse Graça Fonseca, em resposta à pergunta do CDS sobre o facto de o Governo ter excluído as touradas da redução do IVA para espetáculos culturais.
A declaração de Graça Fonseca provocou agitação na bancada do PS. Deputados como Pedro do Carmo ou Luís Testa partilharam, nas redes sociais, uma publicação que serviu para mostrar o descontentamento com a nova ministra. No post, os deputados lembram que figuras como Gabriel García Márquez, Mario Vargas Llosa, Manuel Alegre ou Jorge Sampaio sempre foram apreciadores de touradas. «É esta civilização de que eu faço parte», escreveu o deputado socialista Pedro do Carmo.
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Manuel Alegre foi dos mais duros com a intervenção da ministra. «É este tipo de intolerâncias que cria os Bolsonaros», disse, em declarações ao Público.
Ao mesmo tempo, os deputados socialistas anti-touradas apoiaram a ministra. Tiago Barbosa Ribeiro garante que «muitos» socialistas «estão ao lado» da ministra.
Por seu lado, os movimentos taurinos pediram a demissão da ministra. Hélder Milheiro, da Federação Portuguesa de Tauromaquia, acusou a ministra de «insultar os portugueses e particularmente os mais de três milhões que todos os anos assistem livremente a espetáculos tauromáquicos». Uma petição online criada pela Pró-Toiro já conta com mais de 5.500 mil subscritores.
Ao Ministério da Cultura chegaram entretanto mensagens de solidariedade dos ativistas dos direitos dos animais. «A ministra merece todo o apoio», disse ao SOL Rita Silva, da Animal.