A sete meses das eleições para o Parlamento Europeu, em maio de 2019, uma nova sondagem do Instituto Francês de Opinião Pública (IFOP) coloca a União Nacional, de Marine Le Pen, à frente do República em Marcha, do presidente francês Emmanuel Macron, nas intenções de voto dos franceses. Le Pen conquistou 21%, quando na última sondagem, em agosto, se tinha ficado pelos 17%. Já o partido de Macron obteve 19%. Todavia, se se juntarem todas as forças de extrema-direita e partidárias de uma saída francesa – o Frexit – da União Europeia, o campo político de Le Pen alcança os 30% dos votos. Nestes incluem-se os 7% do Levantar a França, liderado por Nicolas Dupont-Aignan, e o 1% d’Os Patriotas, do antigo assessor de Le Pen Florian Philippot. Na sondagem de agosto, o campo da extrema-direita tinha conquistado 25% dos votos. Em 2014, a então Frente Nacional – antecessora da União Nacional – ficou em primeiro lugar ao eleger 24 deputados (24,9% do total dos votos).
A sondagem inquiriu mil pessoas sobre as suas intenções de voto para o Parlamento Europeu e foi realizada entre 30 e 31 de outubro.
Estes números mostram que o avanço da extrema-direita em França, seguindo a tendência europeia, não foi travado pela derrota de Le Pen contra Macron na segunda volta das presidenciais – 33,90% contra 66,10% dos votos, respetivamente. Na altura, Macron foi encarado pela maioria dos franceses como a única opção para aplacar o avanço da extrema-direita no país e renovar a política francesa, ou até como mal menor, nomeadamente para o eleitorado que na primeira volta tinha votado em Jean-Luc Mélenchon, líder do partido de esquerda radical França Insubmissa.
Em terceiro lugar ficaram os Republicanos, liderados por Laurent Qauquiez, com 13% dos votos, e, em quarto, a França Insubmissa com 11% – uma queda de 3% em relação à última sondagem. Para a diminuição das intenções de voto na França Insubmissa poderá ter contribuído a investigação ao uso indevido de fundos do Parlamento Europeu na contratação de funcionários do partido em França, bem como a reação de Mélenchon, que tentou impedir as rusgas na sede nacional do partido, chegando a afirmar: “A República sou eu!”. O episódio valeu-lhe críticas vindas das lideranças dos restantes partidos e dos meios de comunicação social franceses.
Para a subida do partido de Le Pen poderá ter contribuído a queda na popularidade de Macron. Uma sondagem da YouGov, publicada na semana passada, mostrou que a popularidade do presidente francês desceu para o nível histórico de 21% desde que chegou ao Palácio do Eliseu. Valor que ultrapassa, pela negativa, o mínimo do anterior presidente, François Hollande.
Macron tem estado no centro de várias polémicas: as agressões de um segurança seu a uma manifestante no 1.º de Maio e o seu alegado encobrimento; as declarações a um jovem desempregado de que lhe bastava atravessar a rua para arranjar emprego, quando a taxa de desemprego em França se encontra nos 9%; e a saída de dois ministros com fortes críticas à sua liderança. Macron também tem enfrentado fortes manifestações nas ruas por causa da política fiscal, alterações ao Código de Trabalho e privatizações que tem promovido no país.
Para combater a impopularidade, o presidente tem apresentado as eleições europeias como uma batalha “entre as forças progressistas e as nacionalistas”, propondo-se a liderar as progressistas. “A Europa enfrenta uma ameaça: o desmembramento por causa da lepra nacionalista e pela pressão de poderes externos, podendo perder a sua soberania”, disse Macron numa entrevista publicada na quarta-feira pelo jornal “Ouest France”.