A pergunta «e agora?» deixa-nos perplexos, sem saber bem porquê ou o que vai acontecer. Num momento de indecisão, parados numa encruzilhada, olhamos em redor e questionamo-nos sobre o que irá acontecer. De igual modo, num momento de tensão entre duas pessoas, perante um impasse, olhamo-nos, olhos nos olhos, e perguntamos o que fazer. Também perante a situação do País, em momentos cruciais, podemos interrogar-nos sobre o que poderá acontecer para que a situação se altere.
A pergunta «e agora?», parecendo simples, é, na realidade, muito complexa. Não saber o que fazer, o que pensar ou por onde ir, pode levar a grande desespero ou pode, apenas, recolher um encolher de ombros, como quem diz que não sabe e também não se importa. A indecisão pode levar a maior motivação para a ação ou pode bloquear e conduzir à inação. Há quem se sinta estimulado pelos obstáculos e quem se sinta tolhido por eles. Há quem, com resiliência, enfrente as dificuldades e quem, mergulhado na tristeza e na dúvida, se recolha em si e evite, a todo o custo, ter de tomar decisões.
Mas, tomar decisões faz parte da vida. A todo o momento temos de decidir, mesmo que não tenhamos certeza de que as nossas decisões são as melhores. Talvez por isso preferíssemos vislumbrar o futuro, porque isso nos permitiria, antecipadamente, verificar a justeza das nossas decisões.
Diz, muito curiosamente Kurt Vonnegut, citado por Afonso Cruz: «Stephen Hawking achou torturante o facto de não nos ser permitido recordar o futuro. Mas, para mim, recordar o futuro é agora uma brincadeira de crianças. Eu sei o que irá ser dos meus indefesos filhos recém-nascidos porque eles hoje são adultos. Sei como os meus amigos mais próximos acabarão porque estão quase todos reformados ou mortos… Ao Stephen Hawking e a todos os outros mais novos do que eu, digo-lhes: “Sejam pacientes. O vosso futuro irá ao vosso encontro, deitar-se-á aos vossos pés como um cão que vos conhece e ama”.» E é bem verdade, é-nos possível recordar o futuro quando ele já se tornou passado, e quando a vida é mais presente e passado do que futuro.
Ora, é a esperança que nos move, que nos leva a olhar as estrelas porque o seu brilho nos ajuda a enfrentar a escuridão. Pergunta Maiakovski: «Digam! / Lá porque estão acesas / as estrelas / será porque elas são necessárias a alguém» / será porque é indispensável, / que cada noite / por cima dos telhados, / uma só estrela, ao menos, se ponha a reluzir?».
Perguntarmo-nos «e agora?», como nesta fotografia captada no Monte da Caparica, equivale a, em cada momento da vida, nos questionarmos sobre o valor dos nossos atos e das nossas opções, a pensarmos conscientemente sobre o rumo que tomamos e a direção que seguimos. Viver é, pois, optar. Viver é responder constantemente a essa pergunta que, num momento de epifania, aquela parede nos devolve: «e agora?». Porque, no fundo, nos equilíbrios e desequilíbrios da vida, esta não passa de um baile a bordo de um barco, em alto mar.