Planeara escrever hoje sobre a vitória de Elina Svitolina no Masters feminino, mas o anúncio da Federação Portuguesa de Ténis (FPT) da nova equipa técnica da Taça Davis, força-me a adiar o feito da ucraniana.
No mesmo dia em que se soube que a seleção nacional masculina viajará ao Cazaquistão para decidir a 1 e 2 de fevereiro a Qualificação para a Final da Taça Davis de 2019, foram apregoados os técnicos Rui Machado como selecionador e Gonçalo Nicau como treinador.
Machado, de 34 anos, substitui Nuno Marques. Machado disputou 34 eliminatórias da Taça Davis, venceu 17 encontros e perdeu 17. Chegou a 59.º no ranking mundial (só João Sousa e Gastão Elias fizeram melhor na história nacional), venceu oito torneios Challenger (segunda divisão) e 18 Futures (terceira divisão). É um dos oito portugueses que receberam da Federação Internacional de Ténis (ITF) o Davis Cup Commitment Award, premiando a dedicação à seleção.
Nicau, de 36 anos, toma o lugar de Emanuel Couto. O seu melhor ranking foi de 531.º ATP, venceu um Future, disputou duas eliminatórias da Taça Davis, com uma vitória e duas derrotas.
Machado é o diretor técnico nacional e o coordenador do Centro de Alto Rendimento (CAR). Nicau, que foi técnico do jogador Machado, é há alguns anos o treinador principal do CAR. Ambos irão manter e conciliar esses cargos com as novas funções na seleção.
A mudança de equipa técnica não foi provocada pelo presidente da FPT, Vasco Costa, mas uma consequência de Marques ter-se demitido depois da recente vitória sobre a África do Sul, para dedicar-se às responsabilidades crescentes de treinador na Academia de Rafa Nadal em Manacor.
Couto estaria muito provavelmente interessado em subir de treinador a selecionador. Mas essa hipótese nunca foi levantada. Machado foi a primeira escolha de Vasco Costa e da Direção da FPT, e não houve qualquer oposição por parte dos jogadores. Couto considerou que, como treinador, só faria sentido continuar com Marques a liderar a equipa técnica e também renunciou.
Seriam Machado e Nicau as únicas hipóteses? Julgo que João Cunha e Silva, Emanuel Couto e Bernardo Mota teriam argumentos a favor como selecionadores, mas no contexto atual, Machado é mais consensual, tem poder político e é mais completo, por apresentar pontos fortes em várias dimensões importantes.
No caso de Nicau, encaro a sua nomeação como uma vontade de criar sinergias e estreitar laços entre o CAR e a seleção masculina, como já sucede na feminina, na qual Neuza Silva é selecionadora e treinadora do CAR.