Trabalhadores da RTP contestam novas contratações: É uma “pouca vergonha”

Comissão de Trabalhadores da RTP considera que novas contratações são “um escândalo sem fim”.

A Comissão de Trabalhadores da RTP considerou, esta sexta-feira, após serem anunciados os novos nomes para a direção da estação pública, que a contratação de duas jornalistas externas para a Direção de Informação se trata de um “escândalo sem fim”. Além disse, defende que o presidente da RTP “não tem capacidade” para se manter no cargo.

“Não cabe a esta comissão pronunciar-se sobre as escolhas legítimas da diretora de informação ou sobre as capacidades das jornalistas agora contratadas, sobre as quais nada temos a dizer, mas cabe considerar que a validação destas contratações de luxo pela administração da RTP é um escândalo sem fim”, lê-se num comunicado emitido hoje pela Comissão de Trabalhadores (CT).

 “Numa empresa onde os trabalhadores já ultrapassam os dez anos sem qualquer atualização salarial e que se recusa a reconhecer a justiça para centenas e centenas de trabalhadores precários, muitos deles jornalistas, o seu presidente considera absolutamente normal contratar mais celebridades e insultar, na cara, cada um dos trabalhadores a seu cargo”, lê-se na mesma nota.

A CT considera ainda que, no entanto, apesar de a RTP ter quase quatro centenas de “profissionais competentes”, a diretora de informação da televisão “tem toda a legitimidade para propor a contratação de quem quiser, mas este Conselho de Administração, e nomeadamente o seu presidente, não tem, nem a moral, nem legitimidade para aceitar essas contratações”.

“Ao fazê-lo revela que não tem a mínima capacidade para continuar à frente dos destinos da empresa nesta fase conturbada da sua história”, acrescenta a Comissão de Trabalhadores.

A CT recomenda que deve haver uma “imediata intervenção” do Governo na empresa: “Os trabalhadores da empresa aguardam justiça e aguardam que o Governo acorde finalmente do ‘Síndrome de Estocolmo’ em que se encontra, para resolver o ‘caso RTP’. É inaceitável que uma administração de uma empresa pública, que não cumpre decisões judiciais para integração nos quadros, peça agora exceções ministeriais para estas contratações. É ainda mais inaceitável se viermos a perceber que temos um Governo em Portugal que aceita passivamente esta pouca-vergonha”, termina.