Os novos créditos à habitação aumentaram muito nos primeiros nove meses do ano. De acordo com os dados do Banco de Portugal (BdP), o valor atingiu os 7,29 mil milhões. Ou seja, são mais 1,34 mil milhões do que em igual período do ano passado. Contas feitas, só durante o mês de setembro foram emprestados, para consumo, 353 milhões de euros. No total do ano, até ao mês em questão, o valor fixou-se em 3,485 mil milhões. Também aqui uma subida de 16% em relação a 2017.
Olhando apenas para a habitação como finalidade do crédito e focando apenas o mês de setembro, pode dizer-se que os bancos emprestaram às famílias portuguesas 790 milhões de euros. São menos 810 milhões de euros do que em agosto, mas mais 739 milhões do que em setembro do ano passado.
Com a concessão de crédito na mira de todos, após vários alertas sobre o risco de endividamento das famílias, o Banco de Portugal decidiu, em julho, arrancar com novas regras. Mais apertadas e restritivas.
Seja nos novos créditos ao consumo ou à habitação, as famílias ficam impedidas de gastar metade do seu rendimento com empréstimos bancários.
O objetivo das recomendações desta entidade liderada por Carlos Costa, anunciadas a 1 de fevereiro deste ano, é conseguir limitar a concessão de crédito por parte das instituições financeiras de forma a que as famílias não percam a margem de manobra e também que os bancos não assumam riscos excessivos nos novos créditos garantindo que os clientes tenham capacidade de pagar as dívidas.
“Num contexto propício à redução adicional do grau de restritividade dos critérios de concessão de crédito, caracterizado por taxas de juro em níveis historicamente baixos, recuperação económica e subida nos preços do imobiliário, o Banco de Portugal procura garantir com esta medida que as instituições de crédito e as sociedades financeiras não assumem riscos excessivos na concessão de novo crédito e que os mutuários têm acesso a financiamento sustentável”, explicou em fevereiro o supervisor e regulador da banca.
A entrada em vigor destas limitações surgiu depois de o regulador, no início de junho, no seu Relatório de Estabilidade Financeira, ter revelado que existiam já “alguns sinais” de sobrevalorização dos preços do imobiliário, embora limitados. No documento, o Banco de Portugal salientava que a banca está melhor, mas continua com vulnerabilidades e precisa de continuar a reduzir os riscos.
Em janeiro, será publicada a primeira avaliação do Banco de Portugal a estas recomendações, que passam por limites à taxa de esforço, limites ao valor do crédito face ao imóvel dado em garantia e limites à maturidade dos empréstimos. Em relação à taxa de esforço, o BdP recomenda a atribuição de novos créditos apenas a clientes que gastem no máximo 50% do seu rendimento com as prestações mensais de todos os empréstimos detidos com habitação e consumo. Ao analisar a capacidade do devedor, os bancos têm ainda que ter em conta fatores como o aumento das taxas de juro ou a e a diminuição do rendimento de clientes que no fim do contrato tenham mais de 70 anos.