“Por que razão desce o preço do barril, mas não desce o preço do gasóleo?

Associação Nacional de Transportes Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) exige respostas e medidas ao governo

A semana começa com uma nova descida no preço dos combustíveis. Tanto a gasolina como o gasóleo vão baixar cerca de cêntimo e meio. No entanto, o anúncio de que esta seria então a sexta semana consecutiva de descida dos preços não acalmou os ânimos. Os valores praticados em Portugal continuam a ser alvo de polémica e não falta quem os conteste. 

Na lista de descontentes está a Associação Nacional de Transportes Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) que exige ao governo que tome posição e o motivo pelo qual a baixa do preço do barril de petróleo nunca tem correspondência no custo dos combustíveis. 

“Por que razão desce o preço do barril, mas não desce o preço do gasóleo? Como pode esta situação continuar sistematicamente a acontecer? Que medidas tem a tutela em marcha para reverter a situação?”. São estas três perguntas que abrem o comunicado da associação, que pretende que o Executivo tome uma posição. 

“Se olharmos para a descida do preço do barril de petróleo e para os valores do gasóleo, que continuam elevados, sem acompanhar percentualmente a referida descida, não encontramos justificação possível”, garante a associação que sublinha, em detalhe, alguns exemplos. “Esta situação é visível concretamente no preço do barril que, a 15 de outubro, se situava nos 80,91 euros – rondando, nesta data, o preço médio do gasóleo os 1.404 euros/litro –, e que, um mês depois, a 14 de novembro, se encontra nos 65,58 euros – rondando o preço médio do gasóleo os 1.435 euros/litro. Apesar de estarmos perante uma descida superior a 15 euros, a realidade é que o preço do gasóleo pouco ou nada se alterou – neste caso vemos mesmo uma subida –, quando, na realidade, esta descida deveria (e teria obrigatoriamente) de se refletir (consideravelmente) no preço final do litro de gasóleo”, detalha a Antram.

Para a associação, falamos de uma realidade que continua a prejudicar o setor dos transportes, que “já está numa situação limite”. Com “custos excessivos e incomportáveis para as empresas do setor”, a Antram avança mesmo que, “não podendo assegurar, sozinhas, este custo extra”, as empresas deste setor “terão necessariamente de o imputar ao cliente/consumidor”.

Ao governo, esta associação exige então que sejam aplicadas “medidas que permitam às empresas de transportes e ao setor enfrentar e combater este flagelo”. 

Há muito que se discute os valores que são praticados em Portugal. Em maio deste ano, mesmo antes dos impostos, Portugal tinha a quinta gasolina mais cara da Europa. Mais de metade do preço praticado em Portugal resultava, de acordo com dados da Comissão Europeia, de impostos e taxas. A mesma análise avançava ainda que apenas a Holanda, Itália, Grécia e Dinamarca tinham a gasolina mais cara que em Portugal na semana que foi analisada – de 21 de maio. 

No entanto, Portugal não é o único país onde o preço é tema recorrente. Em França, o combustível mais caro das últimas décadas levou milhares de pessoas para as ruas em protesto.