O dia 18 de novembro de 1978 ficou marcado para a história como um dos mais macabros de sempre: 909 pessoas, entre elas cerca de 300 bebés e crianças, fizeram parte de um suicídio em massa, na selva da Guiana. Todos eram membros da seita Templo do Povo, liderada pelo reverendo Jim Jones. Apenas 12 pessoas sobreviveram.
As mais de 900 vítimas ingeriram uma mistura fatal de Flavor Aid (uma conhecida bebida na altura), valium, hidrato de cloral, cianeto e prometazina. Já Jim Jones foi encontrado morto com um tiro na cabeça, o que também sugere suicídio.
Em Jonestown, como ficou conhecida a comunidade, Jim Jones começou por, a meio da noite, emitir mensagens num altifalante, pedindo aos seus seguidores que saíssem de casa – durante dias, os membros da seita treinaram, sem saber, para o último dia das suas vidas.
A 18 de novembro de 1978, não havia por onde fugir: Jim Jones tinha colocado homens armados nas imediações do local, prontos a disparar em quem quisesse fugir. Enquanto marchavam para os caldeirões com a bebida mortal, os altifalantes passavam a mensagem do líder do culto: Jim Jones incentivava os seus seguidores a fazerem parte de um “suicídio revolucionário”. “Como eu vos amei, como eu tentei dar o meu melhor para vos dar uma boa vida (…) Tentei dar-vos paz, eu praticamente morri todos os dias para vos dar paz. Nós vencemos quando caímos, eles já não têm quem odiar”, afirmou o líder da seita durante os 44 minutos em que tudo aconteceu (pode ouvir o discurso completo no vídeo em baixo).
Tudo se precipitou com a chegada do congressista norte-americano Leo Ryan, que chegou a Jonestown a 17 de novembro de 1978. Alguns membros da seita passaram-lhe bilhetes a pedir ajuda para fugir. No dia seguinte, já na pista de aeroporto para partir, Ryan, acompanhado pela sua delegação política e pelos 12 membros do culto que tinham pedido para sair – é morto por homens armados, que estavam a agir sob as ordens de Jim Jones.
Perante este cenário, o líder da seita não vê outra saída se não iniciar o suicídio em massa. As crianças foram as primeiras vítimas – na gravação do momento, que foi mais tarde recuperada pelo FBI, é possível ouvir o seu choro. Depois, todos os adultos beberam o líquido fatal que, em apenas cinco minutos, matava um ser humano. Um jornalista que sobreviveu ao ataque no aeroporto revelou ao Washington Post que até os animais de Jones foram encontrados mortos junto aos 900 cadáveres. "Percebi que Jones não pretendia deixar nada vivo, nem mesmo os animais, para testemunhar o horror final. Não haveria sobreviventes".
De acordo com a imprensa norte-americana, apenas 12 pessoas sobreviveram ao massacre. Estas tinham fugido para a selva momentos antes de tudo acontecer. Uma idosa escondeu-se debaixo da cama quando percebeu o que estava acontecer, saindo do seu esconderijo apenas quando todos já estavam mortos. Outro idoso, de 79 anos, não ouviu a sirene e, sem querer, falhou o momento de reunião e de suicídio em conjunto. Quando se apercebeu do que estava a acontecer, deitou-se no chão e fingiu que estava morto.