A última segunda-feira ficou marcada pelo aluimento de terras em Borba, mais precisamente na antiga Estrada Nacional 255. Agora, através das redes sociais, são muitos os que deixam as suas palavras de tristeza, lembrando as pessoas que conheciam e que sofreram com esta situação.
Através do Facebook, uma internauta partilhou um texto acerca da estrada que era para muitos “itinerário diário”. A publicação conta já com mais de 850 likes e 650 partilhas.
“Foste passadeira vermelha de reis para o Paço Ducal, foste atalho nas invasões francesas, foste caminho de peregrinos, foste ponte centenária entre duas terras irmãs, foste chão, sustento e comida para todos nós, todos os dias, até à última, até não conseguires mais. Não quisemos mudar-te por seres património mas também não te demos o descanso merecido. Já te evitava muitas vezes mas continuei a usar-te em todas as outras”, começa por referir o texto.
“Aguentaste calor e chuva durante vidas a fio mas quantas e quantas e quantas toneladas de pedra te passaram por cima, enquanto te aguentavas? E quanta carne te comeram até ao osso e quanto osso te roeram para que te partisses desta forma?”, questiona a utlizadora, acrescentando que a estrada que abateu deveria ter sido “conservada”.
“Merecias ser falada e recordada por motivos melhores, merecias um final mais honrado, merecias manter-te intacta. Merecias continuar a ser o troço de nós bonito e estranho que mostrávamos orgulhosos a quem nos visitava”, acrescenta.
“Foste sempre o meu caminho para casa. Vou guardar a memória das tardes secas e quentes e da nuvem de pó branca que se formava no ar quando passava por ti e que me fazia lembrar de onde era e de onde vinha: das terras brancas, onde nascem os corações de pedra mas, hoje, és tu a prova de que até este nosso coração rijo se quebra quando é levado ao limite. Risco-te do meu itinerário diário com o sentimento de culpa de quem podia, também, ter cuidado mais de ti, da vida dos outros, da nossa segurança e não o fez”, concluiu.
Nos comentários, as mensagens de tristeza multiplicam-se e há mesmo que refira que esta era uma “tragédia anunciada”.