Devoluto. Era esta a palavra que definia o antigo palacete de Art Noveau, situado no número 25 da rua Camilo Castelo Branco, perto da Avenida da Liberdade, em Lisboa. Falamos no passado porque deixará de ser, em breve, uma ruína. Cecília Zon Rogério, presidente do grupo imobiliário brasileiro Incortel, atravessou o Atlântico, aterrou em Lisboa e foi preciso pouco tempo para que tivesse a ideia que se viria a transformar naquela que é a primeira obra do grupo em território nacional. Chama-se Camillo 25, exatamente por se tratar de uma homenagem a Camilo Castelo Branco, escritor que dá nome à rua.
«Este projeto é o resultado de um grande período de pesquisa no mercado português, que durou cerca de dois anos e onde foram analisados cerca de 90 imóveis. Portugal é indiscutivelmente um mercado muito atrativo para o investimento imobiliário e para o setor do turismo, por isso foi uma escolha que surgiu naturalmente e que acompanha a tendência de um mercado efervescente, num país que já é destino de eleição, quer para turismo, quer para habitação», explica Cecília Zon Rogério. «Já tinha estado em Lisboa muitas vezes e sempre voltei apaixonada pela cidade. Ficou sempre a vontade de investir em Lisboa, pelas qualidades únicas que tem e pelo seu enorme potencial, que a tem elevado ao ponto de já se afirmar como uma das grandes capitais europeias. A isto acresce o facto de Portugal ser um país muito seguro», garante a figura de proa deste projeto, que contará com apartamentos de luxo, num investimento total de seis milhões de euros. Dentro de 18 meses, as obras ficarão concluídas. Mas as ambições deste grupo, que se diz apaixonado por Portugal, não.
Com a certeza de que queria fazer algo novo e diferenciador, «com alma»,o grupo pôs em marcha um plano que se materializou no projeto deste edifício que terá onze apartamentos, com preços que variam entre os 600 mil euros e 1,3 milhões de euros, mas que pretende ser muito mais do que um sítio para morar. «O Camillo 25 tem todo o conceito inspirado na obra deste escritor tão especial que foi Camilo Castelo Branco. Assim, além da decoração, que foi interpretada por cada arquiteto no interior dos apartamentos, as obras de arte da artista brasileira Ana Paula Castro, foram inspiradas na vida e obra do escritor, refletindo as suas paixões, dramas e emoções». A esta hora, o leitor pode perguntar o motivo desta aposta em obras de arte, especialmente criadas para o espaço, porque talvez seja neste pormenor que está a ideia base deste projeto que pretende ser tão diferenciador no mercado imobiliário. «Estas obras de arte estarão presentes nas áreas externas do edifício e no interior dos apartamentos. Queremos que o Camillo 25 seja uma homenagem ao escritor e que possa agregar o cultura e arte ao cenário urbano desta cidade singular que é Lisboa. Perguntam-me muito se pretendo repetir este modelo, até porque a cultura e a literatura portuguesa está repleta de artistas com uma vida e obra riquíssimas e muito marcantes. Seria um desafio muito interessante homenagear outras figuras portuguesas desta forma, mas para já estamos completamente focados no sucesso do Camillo 25», explica ainda Cecília Zon Rogério.
Aqui vendem-se emoções
Depois de muito pensarem no caminho a seguir num setor, que já tem um pouco de tudo e onde falar de luxo e de milhões tem de justificar muito bem qualquer uma destas duas palavras, chegou a decisão: apostar nas emoções.
«Esperamos que o edifício possa atender às expectativas dos clientes e levar emoção, pois não queremos apenas vender imóveis, queremos criar conceitos imobiliários que possam provocar sensações e torná-los diferenciados», explica, sem esconder que tudo foi pensado ao pormenor. «O prédio conta com um SPA, com piscina aquecida e área de relaxamento. Além disso, terá uma lavandaria compartilhada para uso dos moradores e cada apartamento terá uma arrecadação privativa. Terá ainda um profissional de Life Style Manager, que estará disponível para atender aos desejos dos moradores». Exemplos? De acordo com a presidente do grupo, o detalhe ganha destaque e o serviço vai «desde a contratação de serviços básicos como limpeza, lavandaria, babysitting, pet assistant, massagem, à contratação de serviços especiais, como um passeio de lancha no Tejo, um jantar com um chef de renome ou a compra de bilhetes para espetáculos, por exemplo».
Apesar de ainda faltarem alguns meses para que as obras fiquem concluídas, as vendas começaram na semana passada e Cecília Zon Rogério não tem dúvidas quanto ao sucesso do projeto.
A presidente da Incortel, que tem duas mil unidades hoteleiras no Brasil, deixa claro que poderá haver novidades em breve. O grupo «veio para ficar».