Os municípios que em 2017 foram atingidos pelos incêndios – como é o caso de Arganil e Oliveira do Hospital – enfrentam agora uma praga de ratos. As autarquias foram mesmo obrigadas a reforçar medidas de combate aos roedores.
Jorge Paiva, biólogo na Universidade de Coimbra, explicou à Lusa que esta multiplicação dos roedores é uma consequência da “morte ou fuga dos seus predadores naturais” devido aos fogos. “Muitas das cobras morreram”, acrescentou lembrando que estes répteis, juntamente com aves de rapina e pequenos mamíferos são responsáveis pelo controlo das populações de ratos do campo.
"Os ratos conseguiram sobreviver [aos fogos] porque foram para as luras” e, devido à profundidade dos buracos que escavam acabaram por não serem atingidos pelas frentes dos fogos.
No caso do município de Arganil, a praga de ratos “não representa uma ameaça à saúde pública”, segundo garante a Câmara Municipal em comunicado. "Estão a ser tomadas medidas no sentido de responder de forma pronta e conveniente às situações reportadas, nomeadamente através do reforço do sistema de recolha de lixo e da desratização na rede de saneamento de águas residuais.”
Em Oliveira do Hospital foi aumentada “a vigilância e a monitorização” dos edifícios públicos, redobrado o trabalho de desratização e reforçadas “as operações de manutenção e inspeção da rede de saneamento e águas pluviais”, diz a autarquia em comunicado.
A Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro considera que "a proliferação de ratos registada nas zonas afetadas pelos incêndios de outubro de 2017 não representa, contudo, uma situação alarmante" para a saúde pública, uma vez que "não foram reportados casos de doença transmitida por roedores, nem houve até ao momento recurso aos serviços de saúde motivado por situações relacionadas com o aumento destes animais".