O antigo diretor de campanha de Donald Trump, Paul Manafort, teve conversações secretas com o fundador da WikiLeaks, Julian Assange, dentro da embaixada do Equador em Londres, Reino Unido, revelou o “Guardian”. Os encontros tiveram lugar na altura em que Manafort se juntou à campanha de Trump e pouco tempo antes de as informações negativas sobre a candidata democrata Hillary Clinton terem vindo a público, beneficiando a campanha de Trump na corrida presidencial de 2016. Também se soube ontem que os procuradores da equipa do conselheiro especial Robert Mueller, que investigam a interferência russa nas presidenciais, entregaram um requerimento judicial a argumentar que Manafort lhes mentiu, violando assim o acordo judicial que tinha assinado em troca de uma pena mais leve. Não se sabe se os dois casos estão relacionados, mas a suspeição foi ontem levantada pela imprensa internacional.
“Depois de assinar o acordo judicial, Manafort cometeu crimes federais ao mentir ao FBI e ao gabinete do procurador especial sobre uma variedade de assuntos, o que constitui uma violação do acordo”, lê-se no documento entregue a um tribunal em Washington. Os procuradores aconselham a juíza Amy Berman Jackson a definir uma sentença de imediato. As mentiras em causa não foram tornadas públicas, mas espera–se que sejam conhecidas antes de a sentença ser lida, prevendo-se uma pena ainda mais dura.
O requerimento judicial entregue foi acordado entre ambas as partes – a equipa de Mueller e Manafort -, ainda que o antigo diretor tenha negado ter mentido intencionalmente. Segundo Kevin Downing, advogado de Manafort, o seu cliente fez “um esforço para respeitar as suas obrigações de cooperação” em várias ocasiões.
Recorde-se que Manafort se declarou culpado de conspirar contra os EUA – incluindo crimes de lavagem de dinheiro e práticas de lóbi não registadas – e de tentar influenciar testemunhas, em troca de uma pena mais leve e de partilha de informações.
Não se sabe se a violação do acordo por Manafort está relacionada com as reuniões com o fundador do WikiLeaks, mas as duas revelações no mesmo dia levantaram suspeitas de ligação. Manafort e Assange encontraram-se na embaixada do Equador em 2013, 2015 e na primavera de 2016. Os encontros de 2016 aconteceram na altura em que Manafort começou a desempenhar funções na campanha de Trump e, meses depois, o WikiLeaks divulgava uma série de documentos do Partido Democrata roubados por serviços de informações russos.
Um documento interno da embaixada a que o “Guardian” teve acesso regista como convidados de Assange “Paul Manafort”, mas também menciona “russos”. A WikiLeaks reagiu dizendo não terem existido quaisquer encontros, enquanto Assange classificou a notícia como um embuste.