Paul Manafort, antigo diretor de campanha de Donald Trump nas presidenciais de 2016, violou o acordo judicial que tinha com as autoridades ao mentir aos investigadores, revelaram procuradores num requerimento entregue a um tribunal em Washington. Manafort era uma das principais testemunhas do procurador especial Robert Mueller na investigação ao alegado conluio entre a campanha de Trump e Moscovo e acontece a poucos meses de Mueller entregar um relatório sobre os 18 meses de investigação.
"Manafort cometeu crimes federais ao mentir ao FBI e ao gabinete do conselheiro especial sobre uma variedade de assuntos", pode ler-se no documento entregue ao tribunal. Os procuradores não revelaram quais as mentiras, mas garantiram que o farão antes da sentença pelos crimes de conspiração contra os EUA e de tentar influenciar testemunhas ser lida em tribunal. Com esta nova informação, espera-se que o antigo diretor enfrente uma pena ainda mais dura.
Recorde-se que Manafort declarou-se culpado pelos crimes de conspirar contra os Estados Unidos e de tentar influenciar testemunhas num tribunal federal em troca de uma pena mais leve. Os procuradores acusavam-no ainda de lavagem de dinheiro e de práticas de lobby não registadas perante as devidas autoridades.
"No geral, é mau para a investigação de Mueller", disse o advogado criminal Patrick Cotter à Reuters. "Ficou com menos uma testemunha". Todavia, o advogado sublinha que o acordo judicial com Manafort poderá ter sido benéfico para a investigação se tiver dado a Mueller pistas sobre para outras fontes de informação.
Por sua vez, o advogado de Manafort destacou que o antigo diretor de campanha de Trump fez um "esforço para respeitar as suas obrigações de cooperação" em várias ocasiões.
Manafort era uma peça fundamental para a investigação de Mueller por ter participado numa reunião na Trump Tower, em 2016, em que um grupo de russos ofereceu "informações sujas" sobre a candidata democrata Hillary Clinton. Além disso, são conhecidas as relações entre Manafort e um oligarca muito próximo do presidente russo, Vladimir Putin, e do seu trabalho em comunicação política junto de um partido ucraniano pró-Moscovo, ainda antes da guerra no leste da Ucrânia entre o governo e os rebeldes separatistas.