Na República Centro – Africana (RCA), duas em cada três crianças necessitam de receber assistência humanitária, algo que se torna difícil com o elevado número de conflitos armados nesta zona, e que põe em causa o trabalho das organizações humanitárias, revelou esta sexta-feira o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
Assim, 1,5 milhões de crianças precisam de ajuda humanitária na RCA. A UNICEF estima que milhares de crianças foram raptadas ou vítimas de violência sexual por parte destes grupos armados, que viram um crescimento em 2016, registando-se mais 30 mil grupos.
"Esta crise está a ocorrer num dos países mais pobres e menos desenvolvidos do mundo, e um dos mais perigosos para os trabalhadores humanitários", refere a representante da UNICEF na RCA, Christine Muhigana, sublinhando que "a situação das crianças é desesperante".
Segundo a organização, uma em cada quatro crianças é obrigada a ser deslocada ou refugiada, sendo que é uma situação que se tem vindo a agravar. A UNICEF lamenta ainda que haha falta de financiamento e atenção internacional.
A UNICEF é uma das organizações que trabalha na RCA e nota que o número de ataques a trabalhadores de organizações humanitárias conseguiu crescer para mais de que o quádruplo, relativamente a 2017 em que houve 67 e até meio de agosto deste ano, em que foram registados 294 casos.
De acordo com a responsável, estes grupos armados são movimentados pelos interesses de “senhores da guerra”, que têm vindo a “instrumentalizar a religião” de forma a criarem “cada vez mais conflitos”.
Recorde-se que a RCA é classificada como um dos países mais pobres do mundo.