O mundo chegou à Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP24), em Katowice, na Polónia, sem grandes expectativas de travar os gases de aquecimento de estufa, apesar dos avisos dos cientistas e da ONU de que o tempo para atuar é cada vez mais curto. Sir David Attenborough, o naturalista britânico avisou na Polónia: estamos a caminho da extinção “da maior parte do mundo natural” e do colapso das civilizações.
Três anos depois da euforia do Acordo de Paris, o clima está sombrio: “vamos ficar em apuros” se não fizermos nada, afirmou António Guterres na abertura da cimeira. “Mesmo quando somos testemunhas da destruição que os impactos climáticos causam no mundo não estamos a fazer o suficiente, não estamos a agir com a rapidez necessária para evitar uma rutura climática catastrófica e irreversível”, alertou.
Apesar da mensagem de Guterres de que “não podemos falhar”, transmitida aos 150 líderes mundiais presentes na cidade polaca, o fracasso não é só o que mais paira sobre a cabeça dos cerca de 30 mil participantes na conferência porque a província da Silésia é uma das mais poluídas da Europa, devido à exploração do carvão. Aliás, sem ironias, o governo polaco anunciou a abertura de uma nova mina de carvão e aceitou como primeiro patrocinador uma das maiores empresas de carvão do país, numa clara demonstração de quais são as suas prioridades no que diz respeito às alterações climáticas.
Os EUA prepararam mesmo, tal como já fizeram o ano passado, uma conferência paralela para promover as técnicas avançadas de exploração de combustíveis fósseis. Mas foram apanhados de surpresa por uma investigação da Reuters sobre o programa de “carvão limpo” dos EUA, que aparentemente é mais sujo do que davam a entender.
Os contribuintes americanos gastaram milhares de milhões de dólares para subsidiar o carvão tratado quimicamente, mas, ao contrário, do que garante a administração de Donald Trump, esse carvão limpo causa mais e não menos poluição que o natural. Uma das refinarias da Duke Energy Corp, a Marshall Steam Station, Sherrills Ford, Carolina do Norte, que recebeu milhões de dólares de subsídios anuais para usar o “carvão limpo”, aumentou os números de oxidação de 33% a 76% entre 2012 e 2014. A Duke deixou mesmo de usar “carvão limpo” nas suas centrais porque um dos químicos usados para tratar o carvão, o brometo de cálcio estava a poluir os cursos de água.