Os confrontos entre a polícia francesa e os manifestantes do movimento "coletes amarelos" causou no sábado a morte de uma idosa de 80 anos. A mulher, que vivia num apartamento em Marselha, no sul de França, morreu ao ser atingida por uma granada de gás lacrimógeneo enquanto fechava os estoiros de uma das janelas da sua casa.
A idosa ainda foi transportada para o hospital, mas acabou por falecer no bloco operatório, juntando-se a outras três vítimas mortais desde que os protestos contra o aumento dos impostos dos combustíveis começaram há três semanas atrás.
A primeira vítima mortal foi registada no primeiro dia de protestos, há duas semanas atrás. Uma mulher levava os filhos ao médico quando, subitamente, se deparou com uma barricada na estrada e entrou em pânico, acelerando e atropelando uma pessoa em Pont-de-Beauvoisin. Marcou o tom dos protestos, que, por essa altura, ainda se mantinham no geral pacíficos.
A segunda vítima mortal teve uma morte similar. Um condutor de mota foi contra uma barricada, na região de Drome, no sul do país. As barricadas nas estradas são uma das principais práticas dos manifestantes, principalmente no interior do país, com o objetivo de bloquearem a economia e, assim, obrigarem o presidente francês, Emmanuel Macron, a recuar no imposto.
Por fim, a terceira morte ocorreu no distrito de Arles, no departamento de Bocas do Ródano, entre Montepellir e Marselha, quando uma carrinha embateu num camião parado por causa das barricadas.
A imprensa francesa já caraterizou os protestos dos coletes amarelos como os maiores e mais intensos desde Maio de 68, quando milhares de estudantes e trabalhadores tomaram as ruas da capital francesa contra o governo do presidente De Gaulle. Os protestos continuaram ao longo do dia de hoje.
Não menos que cinco dezenas de coletes amarelos bloquearam o acesso a um grande depósito de combustível no porto de Fos-su-Mer, em Marselha, fazendo com que as estações de serviço deixassem de ter combustível para vender. Na Britânia, as autoridades viram-se obrigadas a impor restrições à venda de combusível.
O movimento não está isolado da sociedade. Hoje, estudantes de mais de 100 escolas secundárias organizaram manifestações por todo o país contra as reformas na educação que Macron tem defendido. E dúzias de camiões bloquearam o acesso à Assembleia Nacional francesa.
Macron participou hoje de manhã numa segunda reunião com os membros do seu governo para decidirem como responder aos protestos. Vários ministros anunciaram que nenhuma opção está fora da mesa, incluindo a de se impor o estado de emergência, ainda que não tenha sido discutido na reunião.