O primeiro-ministro francês anunciou esta terça-feira a suspensão por seis meses da subida do preço dos combustíveis. Em causa estão os protestos do movimento ‘coletes amarelos’.
A Reuters já havia avançado que o governo francês tinha tomado a decisão na última segunda-feira à noite. Agora, a AFP avança que Édouard Philuppe fez o anúncio durante uma reunião com os deputados e que fará uma declaração sobre o assunto, ainda esta terça-feira na televisão francesa.
"Devemos apaziguar a situação para evitar que se degenere", disse o primeiro-ministro, de acordo com uma fonte que esteve presente na reunião.
"A moratória não colocará em questão a ambição da transição ecológica. Um imposto não é uma reforma, mas um meio de reforma", acrescentou.
O primeiro-ministro francês referiu ainda que é preciso “dar aos franceses uma razão para recuperar o juízo".
"O que constatamos nas últimas três semanas? Nós vemos surgir na França uma raiva profunda que vem de longe, que há muito tem sido escondida por pudor e orgulho. Agora, é expressada de forma coletiva. A raiva dos franceses que sentem que estão voltados contra uma parede, que trabalham e não querem ser relegados", declarou.
Através do Twitter chegou a confirmação pelo próprio primeiro-ministro.
“Três medidas fiscais deveriam entrar em vigor a 1 de janeiro: o aumento dos impostos sobre a gasolina, óleo combustível e diesel; a convergência da tributação dos combustíveis na gasolina e o alinhamento da tributação do diesel para profissionais. Suspendo por seis meses a aplicação destas medidas fiscais", escreveu.
O governante anunciou ainda a suspensão de outras medidas, como o aumento dos preços na eletricidade e nos gás, também durante seis meses. “Nenhum imposto merece colocar em causa a unidade da Nação", justificou.
Édouard Philippe afirma que todos “os franceses têm o direito de manifestar”, mas que também têm direito à segurança, deixando claro que o governo não aceita violência.
“Os autores desses atos estão a ser procurados e serão punidos. Se no sábado houver mais uma manifestação, ela deverá ser anunciada e decorrer num ambiente de calma. O tempo agora é de diálogo. E tenho a profunda convicção de que quando colocarmos os franceses à volta de uma mesa, iremos encontrar soluções. É o que vos proponho fazerem", referiu.
Na quarta-feira vai decorrer um debate sobre a crise dos ‘coletes amarelos’, e será seguido por uma votação dos deputados que não implicará na responsabilização do Governo, refere a AFP.
Depuis le début du mouvement, 4 de nos compatriotes ont trouvé la mort. Plusieurs centaines de citoyens, en particulier des membres des forces de l’ordre, ont été blessés. Des menaces et des insultes s’expriment sans retenue. Cela ne ressemble pas à ce que nous voulons être.
— Edouard Philippe (@EPhilippePM) December 4, 2018