A Netflix tem uma nova série que está a dar que falar. Não só por ser uma novidades, mas também por ser inspirada numa história verídica e chocante.
SPOILER ALERT: se é viciado em séries e não quer saber pormenores sobre as estreias, é melhor não ler o resto do artigo… Se não consegue resistir à curiosidade, siga – prometemos que vale a pena.
O caso que serve de inspiração a Baby – que estreou no passado dia 30 de novembro – aconteceu em 2014. Agnes e Angela (nomes fictícios) tinham uma vida de luxo, numa das zonas mais prestigiadas de Roma. Nesse ano, as jovens, de 14 e 16 anos, decidiram prostituir-se. O objetivo? Comprar artigos de luxo, como telemóveis topo de gama e peças de roupa das marcas mais famosas do mundo.
Os pais de Angela perceberam que a filha estava a fazer muito dinheiro e alertaram as autoridades, com medo que a jovem estivesse envolvida numa organização que a mantinha como escrava sexual. Foi assim aberta uma investigação.
“Queria ter muito dinheiro e não queria deixar de ter aquilo que queria”, disse uma das raparigas, durante os interrogatórios. “Elas faziam demasiado dinheiro, mais de 500 ou 600€ por dia ou 300€ por performance. Com o tempo, foi-se tornando cada vez mais difícil abdicar daquilo que ganhavam ao prostituir-se”, revelou uma das procuradoras do caso à publicação Daily Beast, que teve acesso á investigação.
As autoridades perceberam que, ao contrário do que os pais de Angela desconfiavam, não existia uma rede de tráfico sexual, mas sim um homem que, através de vários sites, aliciava jovens para o mundo da prostituição, com promessas de muito dinheiro fácil.
O caso de Agnes foi mais complicado: ao perceber que a filha conseguia trazer grandes quantidades de dinheiro para casa, a sua mãe, que se tinha divorciado há pouco tempo, incentivou-a a continuar neste mundo e a contribuir para as despesas do dia-a-dia. Numa conversa telefónica, reproduzida pelo Daily Beast, Agnes pede à mãe para deixar o “trabalho”, mas a mãe insiste que deve continuar: “Ou trabalhas ou estudas. Como é que cobrimos as despesas desta semana? Talvez possas estudar antes do trabalho, ou alternar os dias em que o fazes”.
Quando a investigação terminou, as autoridades italianas retiraram todos os direitos que a mãe de Agnes tinha sobre a filha e condenou-a a seis anos de prisão por exploração infantil e negligência. As jovens continuam ainda hoje a receber apoio psicológico não só devido ao trauma, mas também à dependência extrema de dinheiro – mesmo depois de o caso ter sido encerrado, continuaram a manter alguns dos clientes por forma a conseguirem dinheiro fácil.