No início do verão, falar em viagens de carro na Europa implicava que se soubesse que podia abastecer em Espanha, mas devia, a todo o custo, evitar Portugal, França e Itália.
A separar Lisboa de Sófia, na Bulgária, estavam já nesta altura os cerca de 3600 quilómetros e ainda o preço do combustível. A Bulgária tinha ganho o título de país europeu onde a gasolina era mais barata e um depósito cheio custava menos 22 euros. Já Portugal tinha já a quinta gasolina mais cara da União Europeia.
Estávamos em julho e o Eurostat mostrava que só a Holanda (1,67 euros), a Dinamarca (1,64), a Itália (1,63) e a Grécia (1,63) pagavam a gasolina mais cara do que Portugal.
João Reis, responsável da Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (Apetro), explicava mesmo que “os preços em Portugal estão normalmente acima da média europeia por três razões: maior carga fiscal, nível de incorporação de biocombustíveis superior à média, rede de retalho muito densa com vendas médias por posto inferiores e, portanto, menos diluição dos custos fixos".
A questão dos combustíveis veio a lume com mais força em Portugal e em toda a Europa com a recente polémica em França. Os franceses revoltaram-se e colocaram o Velho Continente a fazer contas. O combustível mais caro das últimas décadas levou milhares para as ruas e pôs os europeus a fazerem contas a quanto gastam para encher o depósito.
A gota de água foi o anúncio de que o imposto sobre hidrocarbonetos iria aumentar já no início do próximo ano: Mais 6,5 cêntimos por litro no gasóleo e mais 2,9 cêntimos por litro na gasolina. A somar a isto estava o facto de, este ano, este imposto já ter aumentado em 7,6 cêntimos por litro no gasóleo e em 3,6 cêntimos por litro na gasolina.
Em outubro, em França, foi atingido o preço médio mais alto desde o início do século, de 1,51 euros por litro de gasóleo, o combustível mais usado neste país. Em Paris, o valor chegou a ser de 1,6 euros, mas os valores inferiores nas cidades mais pequenas reduziram o valor médio. Na gasolina, o preço médio fixou-se nos 1,5 euros.
E em Portugal?
Nas últimas semanas, os preços dos combustíveis têm vindo a descer em Portugal. Ainda assim, segundo dados da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), o preço médio do litro de gasolina em Portugal está a bater nos 1,515 euros, enquanto o gasóleo vale 1,404 euros euros. A somar a isto, tudo indica que na próxima semana os condutores nacionais vão ter más notícias e é de prever que os valores voltem a aumentar.
Além disso, é de esperar que, para o ano, em Portugal, os preços continuem a aumentar por causa da manutenção do ISP – imposto sobre os produtos petrolíferos e energéticos.
No entanto, também importa salientar que, em França, o salário mínimo bruto é de 1 480 euros mensais. Em Portugal, é de 580 euros.