Os Núcleos de Apoio a Crianças e Jovens em Risco dos hospitais e centros de saúde, criados há cerca de dez anos, já detetaram quase 50 mil casos de situações de risco de maus tratos e, de acordo com o último relatório da Direção-Geral de Saúde (DGS) sobre Saúde Infantil e Juvenil, em 2016 existiam 268 núcleos destes que detetaram, só neste ano, quase 9 mil casos de risco.
O relatório refere que houve um "aumento do número de crianças sinalizadas na rede", e tem sido uma subida praticamente contínua: 3.551 em 2010 a 8.927 em 2016.
No que diz respeito aos casos assinalados em 2016, cerca de 67% correspondem a negligência, 20% a maus tratos psicológicos, 7% a maus tratos físicos e 6% a suspeitas de abuso sexual.
Em declarações à TSF, o presidente da Comissão Nacional da Saúde Materna, da Criança e do Adolescente, Gonçalo Cordeiro Ferreira, diz que os números de situações de risco são preocupantes e obrigam a atuar junto das famílias e das escolas. "Se tivéssemos menos crianças e estas fossem melhor tratadas, seria um aspeto minimamente positivo da baixa natalidade; o problema é que temos menos crianças e o tratamento dado a essas mesmas crianças nem sempre é o melhor, quer por negligência e cuidados a menos ou em alguns casos por excessos de ansiedade parental que também não deixa as crianças crescerem bem", disse o responsável.