A informação foi avançada pela SIC, que garante ainda que o acordo tem de ser conseguido nas próximas 24 horas. Caso contrário, a posição será de força.
A ordem chegou da Alemanha e ainda que o governo não tenha, para já, tomado uma posição, a situação não podia ser mais preocupante. De acordo com um trabalhador da empresa, citado pela Lusa, o que se sabe "é que a Base Aérea do Montijo, onde já temos milhares de viaturas, está no limite da capacidade e o parque da Autoeuropa no Porto de Setúbal também está completamente cheio".
Já durante o dia tinha sido noticiado que a suspensão da produção da fábrica de Palmela ia acontecer e poderia começar já esta segunda-feira e estender-se durante 20 dias.
Segundo o Jornal de Negócios, a empresa já notificou os fornecedores para que cessem a entrega de componentes uma vez que a fábrica de Palmela tem mostrado dificuldades de escoamento da produção desde o início da paralisação dos estivadores precários no Porto de Setúbal que dura desde 5 de novembro.
Atualmente, a Autoeuropa conta com 22 mil viaturas parqueadas no cais do Porto de Setúbal e na base aérea n.º 6 no Montijo.
A verdade é que a greve dos estivadores continua a dar dores de cabeça. O Porto de Setúbal está no topo da agenda mediática desde o dia 5 de novembro e um acordo entre sindicato e empresas privadas da infraestrutura torna-se cada vez mais imperativo. Para que a situação se resolva rapidamente, Ana Paula Vitorino, responsável pela pasta do Mar, já garantiu que a próxima reunião terá de ser definitiva. A garantia já foi dada no fim de semana. De acordo com a ministra, servirá apenas para “fechar um acordo” que “já existe” e que aumentará “substancialmente o número de pessoas” efetivas.
Numa entrevista ao “Jornal de Negócios”/Antena 1, Ana Paula Vitorino admitiu que é “excessivo e incompreensível” o número de trabalhadores eventuais no porto em questão: “Aquilo que se passa a nível nacional, que é muito semelhante aos indicadores que existem a nível internacional, é que existem dois terços de efetivos e um terço de trabalhadores eventuais para fazer face aos picos. (…) No entanto, em Setúbal existe uma situação que é ao contrário: em vez de haver dois terços de efetivos existem dois terços de trabalhadores eventuais, o que é, de facto, excessivo e incompreensível.”
O que está em causa Para perceber melhor todo o processo, importa referir tudo o que está em causa, desde o início, nesta paralisação. Os protestos dos estivadores do Porto de Setúbal subiram de tom quando mais de uma centena tentou bloquear o autocarro que transportava os trabalhadores que iriam substituí-los no carregamento de um navio com viaturas da fábrica da Autoeuropa. Os elementos da Unidade Especial de Polícia da PSP foram chamados a intervir, mas a operação acabou por decorrer com a normalidade possível tendo em conta a situação. No entanto, isto fez com que os trabalhadores eventuais do Porto de Setúbal, em luta por um contrato coletivo de trabalho, agendassem uma outra concentração, em protesto contra o carregamento deste navio com estivadores contratados para os substituírem.
Da parte dos estivadores continuava a luta por melhores condições de trabalho; da parte dos operadores chamava-se a atenção para a necessidade de atender às perdas para o porto.
Entre as maiores preocupações esteve sempre a possibilidade de ver o porto ir parar à lista negra internacional, como aconteceu com o Porto de Lisboa. A 8 de maio de 2016, apenas alguns dias depois de ter começado mais uma greve dos estivadores no porto da capital, os alertas e as críticas multiplicavam-se. Nessa altura, cerca de 100 pré-avisos de greve em dez anos marcavam a atividade do Porto de Lisboa.
A situação pesava cada vez mais na soma dos prejuízos já que, em dezembro de 2015, alguns armadores chegaram mesmo a abandonar o Porto de Lisboa para fugirem da greve dos estivadores, que entrou em vigor a 14 de novembro desse mesmo ano. O mais grave era que, à semelhança do que se passa agora com a greve no Porto de Setúbal, também neste caso Espanha se tornava cada vez mais uma alternativa.