O governo britânico, liderado por Theresa May, recusou estar a delinear planos de contingência para a realização de um segundo referendo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia. “A política do governo não podia ser mais clara. Estamos aqui para agir sob a vontade do povo britânico claramente expressa no referendo [de 2016]”, disse ontem o ministro da Educação, Damian Hinds. “Um segundo referendo seria divisivo. Temos o voto do povo, tivémos um referendo e agora temos de o implementar. Qualquer ideia de que um segundo referendo iria romper com o impasse é errada”.
As declarações de Hinds foram uma resposta direta ao pedido de um segundo referendo pelo antigo primeiro-ministro trabalhista Tony Blair. “O acordo que a primeira-ministra finalmente concluiu com a UE é um acordo que ninguém realmente quer”, afirmou Blair, acrescentando que “o passo lógico” é dar uma nova oportunidade ao povo britânico.
Recorde-se que a possibilidade de um segundo referendo, sempre negada pela governo, tem ganho força nas últimas semanas, principalmente depois de o Tribunal de Justiça da União Europeia ter deliberado que Londres pode cancelar o Brexit unilateralmente. May manteve-se firme e voltou a negar – como tantas vezes tem feito nos últimos meses – um segundo referendo ou a possibilidade de o Reino Unido se manter no projeto europeu.
Entretanto, o governo britâncio procura entre os seus parceiros europeus uma solução que evite uma fronteira rígida entre as duas Irlandas. Sem essa alternativa, o mais provável é o acordo ser chumbado na Câmara dos Comuns até 21 de janeiro de 2019 – o prazo legal estabelecido pelo parlamento – e o próprio governo de May, composto por uma coligação com o Partido Unionista Democrático norte-irlandês, que é contra uma fronteira rígida entre as Irlandas, ser profundamente afetado, porventura, levando à sua queda.