O diretor da Polícia Judiciária do Norte, Norberto Martins, revelou, em conferência de imprensa, que “a PJ tem a perceção de que [as crianças] eram geradas para serem vendidas”.
A detenção da mulher e do seu companheiro foi anunciada nesta quinta-feira pela PJ do Norte. A Judiciária não sabe, no entanto, quem é o progenitor ou progenitores das quatro crianças, se é o companheiro ou os elementos masculinos dos casais a quem foram vendidas.
O casal, detido, reside no grande Porto e as crianças foram "vendidas a cidadãos europeus", e entre as famílias de destino "existem portugueses", segundo Norberto Martins.
A investigação começou após uma denúncia anónima repleta de “informação concreta” sobre aquela mulher, de 41 anos. Nos últimos anos, estava quase sempre grávida, mas não era vista qualquer criança.
O responsável da PJ revelou também que as quatro crianças, a mais velha nasceu em 2011 e a mais nova em 2017, “não estarão numa situação de perigo”.
Questionado sobre a localização dos menores, a polícia “estima o paradeiro”, mas prefere não adiantar pormenores. “Estamos é numa fase em que, por estratégias policiais, não convém dar elementos", assinalou.
Os bebés, segundo a comunicação da PJ, nasceram em Portugal, mas não se sabe em que circunstâncias, se os partos foram em casa ou em hospitais.
Após os nascimentos, o casal suspeito da prática de crimes de tráfico de recém-nascidos, deveria falsificar os documentos das crianças, designadamente no que toca à paternidade.
Sobre o envolvimento de terceiros, o responsável da PJ admitiu que "provavelmente haverá um contacto comum", "alguém que poderia intermediar os negócios". Mas rejeitou confirmar qualquer ligação a redes internacionais de venda de menores. "Não descartamos, mas nada aponta nesse sentido", acrescentou.
A mulher tem 41 anos é pasteleira e tem nacionalidade brasileira, o companheiro tem 45 anos é português e trabalha na construção civil. Têm uma relação há mais de dez anos mas não vivem juntos.
As autoridades estão agora à espera dos resultados de testes de ADN para determinar se a paternidade das crianças corresponde ao homem detido.