Mais de meio século depois, a ama mais adorada da história do cinema está de volta. O Regresso de Mary Poppins estreou esta quinta-feira, mesmo a tempo do Natal. Depois de Julie Andrews, é a também britânica Emily Blunt a dar vida a Mary Poppins, personagem fetiche da escritora australiana P.L. Travers.
Apesar dos 54 anos de hiato entre os dois filmes e numa altura em que os remakes nascem como cogumelos em Hollywood, os próprios atores defendem que não estamos perante um filme desse género, mas antes uma sequela. Logo a começar pelo próprio tempo em que se passa a trama – desta vez, Mary Poppins desce dos céus para ajudar a família Banks, 25 anos volvidos, durante a Grande Depressão encontrando as suas crianças, já adultas, e também elas com filhos. Mas, e apesar de este ser um filme de estúdio, continuamos em Londres – segundo John Myhre, a ideia é que a produção seja uma carta de amor para a capital britânica. Várias partes da cidade foram recriadas em tamanho real e houve outros cenários que, ao invés de serem simulados em computador, foram construídos de raiz, como a casa de Topsy (Meryl Streep).
Curiosamente, tanto no primeiro filme como agora os realizadores não tiveram dúvidas quanto à ‘sua’ Mary Poppins: Robert Stevenson, nos anos 60, adiou as filmagens para poder contar com Julie Andrews no principal papel – a atriz estava grávida da filha quando foi convidada. E Rob Marshall, que trabalhou com Emily Blunt em Caminhos da Floresta, não considerou mais ninguém para o papel.
De resto, o elenco é irrepreensível: Ben Whishaw e Emily Mortimer, que interpretam Michael e Jane Banks – as crianças do original, agora adultas –, juntam-se a Blunt e Colin Firth, e ainda a Meryl Streep, que, como já referimos, é Topsy, a prima de Mary Poppins. Mas a cereja no topo do bolo é mesmo Dick Van Dyke (Bert) que, aos 93 anos, é o grande elo de ligação da sequela com o original e dança em cima da mesa, num número que promete, nem que seja pela já provecta idade e pela magia da passagem da vida, faz soltar sorrisos.
O filme está há dois dias a juntar famílias mas já está bem lançado na corrida aos prémios. Na shortlist dos nomeados aos Óscares, divulgada no início desta semana, consta nas listas das categorias de Melhor Banda Sonora, Melhores Efeitos Visuais e Melhor Canção. Categorias compreensíveis já que falamos de uma história em que a música é, também ela, protagonista. Coube à dupla Marc Shaiman e Scott Wittman – o par musical de Chicago (2002), também dirigido por Rob Marshall em Hairspray (2007) – liderar a trilha sonora. «O que resulta num musical é integrar a [música] na história. Diria que é orelhuda e inteligente. E bela. Por isso, quando mais as pessoas ouvirem as canções, mais farão parte das suas vidas», acredita Marc Shaiman. Um campeonato em que Mary Poppins é campeã indiscutível, desde que Walt Disney a levou ao grande ecrã e lhe juntou os desenhos animados que, mais uma vez criando um elo com o passado, continuaremos a ver nesta versão. Afinal… Supercalifragilisticoespialidoso! Ou, para quem prefere a versão original, Supercalifragilisticexpialidocious. E está tudo, ou nada, dito.