As declarações da ministra da Saúde sobre a falta de anestesistas na Maternidade Alfredo da Costa (MAC) nos dias 24 e 25 de dezembro instauraram a confusão. Marta Temido decidiu exemplificar a dificuldade na contratação dos profissionais dizendo que não havia anestesistas disponíveis, nem pagando 500 euros à hora.
A Ordem dos Médicos reagiu, em comunicado, às declarações de Marta Temido e garante que tudo não passou de um “mito de Natal”, negando a existência de propostas de contratação de anestesiologistas a 500 euros à hora no Serviço Nacional de Saúde (SNS). Contudo, o Ministério da Saúde reafirma “a veracidade das declarações”.
“Qualquer pessoa de bom senso, compreenderia que, se tal proposta existisse, num turno de 12 horas, quase triplicava o ordenado de um mês”, referiu o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães.
No mesmo comunicado, a Ordem “exige que a situação seja totalmente esclarecida, desafiando a ministra a apresentar publicamente os documentos oficiais emitidos pelo Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC) que comprovem as suas palavras ou, em alternativa, a dizer a verdade aos portugueses”, acrescentando ainda que “confirmando-se a verdade – isto é, que tais propostas de contratação por 500€/hora não existem – a Ordem exige um desmentido tão público quanto o foram estas falsas notícias, e reserva-se no direito de recorrer aos Tribunais dado o caráter ofensivo e indigno para os médicos como resultado das declarações proferidas”.
Contudo, em comunicado, esta quinta-feira, o Ministério da Saúde reafirma a veracidade do pedido de 500 euros à hora por parte de um especialista.
“Uma das respostas enviadas por uma destas empresas ao CHLC referia que os vários especialistas contactados não estavam disponíveis para trabalhar pelos valores propostos (cujos valores de referência constam do despacho 3027/2018) e incluía ainda a disponibilidade de um anestesista mediante o pagamento de 500 euros por hora”, refere o comunicado.
“O Ministério da Saúde reafirma, por isso, a veracidade das declarações proferidas neste âmbito, de que existiu uma proposta no valor referido por parte dos prestadores de serviço”, acrescenta.