Rui Machado referiu na RTP que a Federação Portuguesa de Ténis (FPT) quer minimizar o fator ‘casa’ no confronto da seleção nacional com o Cazaquistão a 1 e 2 de fevereiro.
José Carlos Santos Costa, até há bem pouco tempo secretário-geral da FPT, da qual é consultor, viajou a Astana para preparar este embate da ‘Qualifiers Round’ da Taça Davis.
A nação vencedora apurar-se-á para as Finais da Taça Davis, entre 18 países, de 18 a 24 de novembro, em Madrid.
O duelo decorrerá National Tennis Center, em Astana, em recinto fechado, sobre Greenset Grand Prix, um piso duro e rápido.
Será a estreia de Machado como selecionador, numa competição em que, como jogador, disputou 27 eliminatórias. A vitória é para ele é tão importante como para os jogadores.
Desde a sua nomeação que leio e oiço críticas negativas por a mesma pessoa acumular os cargos de capitão da Taça Davis e de coordenador técnico nacional, o qual implica a coordenação das seleções e do Centro de Alto Rendimento (CAR). Para além disso é ainda (embora a curto prazo) o presidente da Associação de Jogadores de Ténis de Portugal.
O argumento legítimo da crítica baseia-se na concentração de cargos incompatíveis.
Há uns dez anos havia um quase consenso de que João Cunha e Silva seria um excelente capitão da Taça Davis. Mas ele disse-me que enquanto fosse o treinador privado de jogadores selecionáveis, não se sentiria à vontade em decidir as convocações para a seleção.
Situação com que irá deparar-se Machado. Pedro Sousa, o atual n.º 2 nacional, é jogador do CAR e tem em Machado um dos seus treinadores, embora em 2019 vá ser ainda mais acompanhado no circuito pelo argentino Juan Pablo Gándara.
É a teoria de que à mulher de César não basta ser séria, é preciso também parecê-lo.
Estou convicto de que o presidente da FPT, Vasco Costa, estava consciente do risco quando endereçou-lhe o convite, mas, mesmo assim fê-lo por ser a melhor solução.
Se estivesse na posição de Vasco Costa teria corrido o mesmo risco, devido ao contexto e à sua competência. Mas também porque se Machado era um jogador emotivo, enquanto técnico é gelado e racional.
Reconheço as incompatibilidades mas não tenho dúvida de que na mente dele haverá uma separação total dos cargos.
Já tive longas conversas, quase discussões, com Machado, exatamente por questões éticas e tenho-o como um homem íntegro.
Por outro lado, reconheço-lhe ambição e qualidades para cargos muito mais elevados. O posto de selecionador irá reforçar ou minar o trajeto ascensional de liderança que tem protagonizado.