A comissão eleitoral da República Democrática do Congo anunciou esta madrugada a vitória do líder da oposição, Felix Tshisekedi, após umas eleições conturbadas a dia 30 de dezembro. Segundo a comissão eleitoral, Tshisekedi ficou à frente de Martin Fayulu, outro candidato da oposição.
O candidato derrotado considerou os resultados "um golpe eleitoral", orquestrado pelo presidente demissionário Joseph Kabila, com o objetivo de lhe negar a presidência. Os votos contados pela Igreja Católica mostram também a vitória de Fayulu. As suspeitas de fraude eleitoral mancham aquela que é a primeira transferência democrática de poder desde a independência do Congo, há 59 anos.
As tensões são aumentadas pela suspeita dos apoiantes de Fayulu de que Tshisekedi terá feito um acordo de partilha de poder com o presidente demissonário. Georges Bingi, um membro do partido de Fayulu, afirmou à Reuters: "Nunca iremos aceitar esta nomeação. Não é uma vitória de Felix [Tshisekedi]. O CENI [partido de Kabila] é que o nomeou". Tshisekedi já assumiu ter tido contacto com representantes de Kabila, mas diz que tiveram como único propósito uma transição pacífica, e negou qualquer acordo.
Fayulu poderá apelar contra os resultados ao tribunal constitucional do Congo, mas ainda não indicou nada nesse sentido. Fayulu goza do apoio de dezenas de milícias ativas, e poderia destabilizar o ciclo eleitoral com uma escalada da violência.
Já o candidato escolhido diretamente por Kabila, Emmanuel Ramazani Shadary, que ficou em terceiro, aceitou os resultados. O seu porta-voz, Barnabe Kikaya, declarou: "Claro que não estamos contentes que o nosso candidato tenha perdido, mas o povo congolês escolheu, e a democracia triunfou".