PP aceita medidas do Vox para governar a Andaluzia

Os populares recusaram a revogação das leis contra a violência de género, mas estão dispostos a substituir a lei da memória histórica por uma lei “da concórdia”

Nas negociações sobre o futuro executivo da comunidade autonómica andaluz, o Vox, que conseguiu 12 deputados nas eleições autonómicas, esteve no foco das atenções mediáticas. Estabeleceu um acordo de 37 pontos com o PP, que não inclui algumas das suas medidas polémicas, como a revogação das leis contra a violência de género, mas em que o PP adopta parte do discurso da Vox. 

Os dois partidos comprometem-se a garantir a educação segregada por género, criar uma vereação da família e substituir localmente a lei da memória histórica, que reconhece as vítimas do regime franquista e estabelece medidas de compensação, por uma lei "da concórdia". A lei da memória histórica foi aprovada pelo Congresso espanhol em 2007 e, nos últimos anos, principalmente desde a intenção governamental de exumar os restos mortais do ditador Francisco Franco do Vale dos Caídos, a 40 km de Madrid, tem sido crescentemente criticada pelas forças da direita espanhola, em particular pelo Vox. 

Com o apoio da Vox e do Ciudadanos, Juan Manuel Moreno, líder do PP, será o primeiro presidente da Andaluzia que não militou no PSOE. Um "feito histórico", proclamou o candidato esta quarta-feira. O Ciudadanos de Alberto Rivera já se tinha comprometido em apoiar Moreno, a troco que o líder regional do Ciudadanos, Juan Marín, fosse vice-presidente da Andaluzia. 

O Ciudadanos conseguiu também um pacote de 90 medidas, que incluem a redução do número de vereações, que passam de 13 para 11 "ou menos", uma redução do número de funcionários de alto escalão e uma "auditoria integral" aos salários, gastos e tranferências do executivo autonómico.

Já o executivo do primeiro-ministro Pedro Sánchez, lamentou em comunicado a "radicalização do PP e do Ciudadanos com o seu pacto com a extrema-direita".