Fernando Pinto foi gestor da TAP entre 2000 e 2018 e assume que a companhia aérea não tem obrigação de prestar serviço público. “A época da aviação regulamentada passou, não existe mais. Hoje é a regra do mercado”, garantiu o ex-administrador.
Para Fernando Pinto, é preciso distinguir dois grandes momentos: a altura em que havia serviço público, que durou até 2008, e o que aconteceu com a liberalização do mercado. “Foi isso que trouxe a possibilidade das low cost e se continuássemos hoje com as regras do passado as empresas estariam cobrando valores muito maiores em termos genéricos”, disse ainda o ex-administrador no parlamento madeirense.
No entanto, para muitos a questão não pode ser colocada desta forma porque o acionista maioritário é o Estado.
Madeira endure críticas O ano passado ficou marcado por críticas feitas à TAP. Além dos problemas em torno do subsídio social de mobilidade, o preço dos bilhetes e os cancelamentos regulares geraram polémica. Para Miguel Albuquerque, “pedir mais de 600 euros para fazer 900 km é demais”.
Os madeirenses começaram a insistir no facto de cada vez haver mais cancelamentos, a imprensa local apontava cada vez mais para situações de overbooking – em que estudantes foram expulsos de aviões por falta de lugares – e houve até relatos de atletas e empresários a andar de um lado para o outro à espera de um voo disponível.
Com cada vez mais passageiros a saírem prejudicados, Miguel Albuquerque chegou a garantir ao i que a situação era cada vez mais complicada e sublinhou que, no caso dos cancelamentos da TAP, a situação ganha especial gravidade porque falamos “de uma companhia onde o Estado tem a maioria [do capital] e há uma obrigação com a Madeira”. Um argumento que contou com o apoio de muitos, mas que agora Fernando Pinto tenta deitar por terra.
Para o presidente do governo regional, o que começou a acontecer com os voos da companhia nacional é “uma vergonha” e “as pessoas não podem continuar a ser tratadas como lixo”. Os madeirenses não têm apoio “a nível marítimo” e o problema da TAP “é uma questão que está ser empurrada com a barriga”. “Se há dinheiro para meter nos bancos, tem de haver para isto. Há estudantes a ficarem presos em Lisboa, a companhia aposta na Europa e esquece o quanto é fundamental para o nosso destino, já para não falar do problema da especulação de preços. As pessoas não têm disponibilidade financeira. Queremos viajar a preços acessíveis”, explicou desde cedo Miguel Albuquerque.