Theresa May insistia ontem no dever do seu governo em cumprir aquilo que foram os resultados do referendo e conduzir o Reino Unido para fora da União Europeia no dia 29 de março, não querendo aceitar o gesto de Bruxelas de adiar a saída para julho. “Vamos sair a 29 de março, tenho sido claro que não acredito que devemos prolongar o artigo 50 e não acredito que devemos ter um segundo referendo”, disse a primeira-ministra num discurso em Stoke-on-Trent. “Temos instruções do povo britânico para sair e é nosso dever cumprir isso, mas quero fazê-lo de um forma tranquila e de forma ordenada que proteja os empregos e a segurança”, acrescentou.
Os deputados britânicos votam hoje o acordo do Brexit e tudo indica que o mesmo seja chumbado. Ou que várias emendas sejam acrescentadas pelos deputados que acabem por tornar o acordo em algo muito diferente – embora caiba ao presidente do parlamento.
Entretanto, os unionistas norte-irlandeses, que irão votar contra o acordo, já avisaram os trabalhistas que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa e não estão dispostos a alinhar com a oposição para derrubar o governo conservador.
“Não apoiaremos a moção de censura ao governo do Partido Trabalhista caso o Acordo de Saída seja derrotado, seria ilógico”, afirmou à Sky News o vice-líder do Partido Unionista Democrático (DUP), Nigel Dodds. “O nosso principal objetivo é conseguir que este acordo seja renegociado e se pudermos derrotar o atual acordo com todos os seus aspetos falhados seria ilógico que no dia a seguir fôssemos votar o derrube do governo”, acrescentou.
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, escreveram ontem uma carta a May explicando que a UE pretende manter uma relação “próxima” com o governo britânico depois de 29 de março, reiterando, no entanto, que o acordo atual é o resultado de longas negociações.