Orlando Pinheiro, um dos arguidos na operação Zeus, disse esta segunda-feira durante o julgamento que o esquema de corrupção nas messes da Força Aérea “é um polvo”.
O arguido revelou ainda que “havia uma sensação de impunidade” entre os envolvidos, acrescentando que isso se devia ao facto de ser “normal de há muitos anos” porque “sempre foi assim”. Quem entrava no esquema achava que “nada lhes ia acontecer”, considerou.
Na primeira sessão de julgamento, o major Rogério Martinho confirmou o esquema de corrupção nas messes da Força Aérea Portuguesa. O arguido denunciou que o dinheiro entregue pelos fornecedores de bens alimentares era depois distribuído pelos envolvidos no esquema, que inclui altas patentes da Força Aérea e assumiu que os militares envolvidos neste esquema recebiam dinheiro e presentes de acordo com as funções que desempenhavam.
Já Orlando Pinheiro, questionado sobre a presidente do coletivo de juizes acerca do que pensa agora sobre este esquema, disse que esta é "a maior vergonha" da sua vida, mas que agora tem de "arcar com as consequências". "É muito triste. A pior imagem que tenho na minha vida é ver a minha filha e a minha mãe a entrar no presídio. Custa muito", acrescentou.
A operação Zeus tem 68 arguidos. Em causa está um esquema de sobrefaturação por parte de várias messes da Força Aérea que terão lesado o Estado em, pelo menos, 2,5 milhões de euros. Os 68 arguidos estão acusados de crimes de corrupção ativa e passaiva e falsificação de dcumentos.