Na véspera do acordo para a saída do Reino Unido da União Europeia ser votado na Câmara dos Comuns, a primeira-ministra britânica, Theresa May, sofreu esta semana um duro golpe com a aprovação de uma moção que reduz o prazo para o governo apresentar um plano B, ao mesmo tempo que abre a porta para a realização de um segundo referendo. Ao invés dos 21 dias, May terá apenas três dias para submeter uma alternativa, o que é missão quase impossível, dando azo a especulações sobre o futuro do Governo. Isto caso o acordo seja rejeitado pelos deputados na terça-feira e tudo aponta que vá acontecer.
A votação foi um sinal do que se poderá assistir no dia 15, quando o acordo for votado: uma rara aliança entre deputados conservadores com as restantes bancadas que se opõem ao acordo negociado por May. A moção, aprovada por 308 votos a favor e 297 contra, teve ajuda de 17 deputados conservadores rebeldes que se aliaram à bancada trabalhista. No que diz respeito ao acordo, deverão ser muitos mais a quebrarem a já frágil lealdade ao Governo conservador.
Quanto à realização do segundo referendo, uma exigência pedida por deputados de vários quadrantes políticos, tornou-se possível por, caso o acordo seja rejeitado, os eleitos poderem avançar com uma emenda ao plano alternativo apresentado por May – que será obrigada a fazê-lo, independentemente do conteúdo – a incluir a hipótese de um segundo referendo. Essa emenda terá de ser votada pelos deputados, o que obrigará a novos cálculos e movimentações em Westminster.
O antigo subsecretário de Estado para o Brexit, Steve Baker, está já a recolher apoios para uma declaração com um plano para o Executivo voltar à mesa das negociações com Bruxelas numa posição de força, quais as táticas a usar e que exigências devem ser feitas. «Tenho muito claro o que deve ser feito. Estou certo de que podemos delinear o caminho certo e estou confiante de que o plano certo poderá salvar as negociações», explicou Baker ao Guardian, recusando-se a dar mais pormenores.
May já tentou por várias vezes reabrir as negociações com Bruxelas, mas os líderes europeus recusaram sempre, dizendo que o acordo é final e não dando margem de manobra para qualquer negociação caso o acordo seja rejeitado no Parlamento britânico.