Falhas informáticas no SNS estão a prejudicar atendimento aos doentes

“Há doentes que voltam repetidamente ao seu Centro de Saúde, apenas e só, devido aos problemas dos constantes bloqueios do sistema informático”, denuncia o presidente da Ordem dos Médicos do Centro

A Ordem dos Médicos do Centro denunciou a existência de falhas informáticas frequentes nas plataformas usadas pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS). O programa Sclínico – um sistema informático comum a todos os prestadores de saúde – é um dos mais referidos no inquérito sobre a “funcionalidade e operacionalidade” das aplicações informáticas e chega a prejudicar o atendimento aos doentes.

O inquérito, promovido pela Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM), surgiu na sequência de “inúmeras queixas e reclamações” feitas pelos profissionais de saúde. “Todos os dias chegam à Ordem dos Médicos queixas e denúncias”, justifica a SRCOM. Durante o mês de dezembro os clínicos puderam responder a um questionário anónimo, que foi disponibilizado online. Foram recebidas mais de 500 respostas.

"Dos médicos que responderam ao inquérito, 79,2% afirma que o programa SClínico não é rápido, 42,5% diz que não é fácil e 62,6% dos inquiridos conclui que não facilita o trabalho em ambiente de consulta", denuncia a Ordem dos Médicos do Centro, em comunicado.

Enquanto mais de 82% dos médicos afirma que o Sclínico provoca novos problemas na atividade diária, interferindo na prestação de serviços ao paciente, 84,9% dos inquiridos afirma já ter reportado a situação. No entanto, em 74,4% das respostas dadas no inquérito, o serviço de apoio informático ServiceDesk é descrito como ineficaz.

Para a SRCOM estes são “números que concretizam as inúmeras denúncias” já feitas pela entidade e que mostram “a fraca e péssima qualidade deste serviço prestado pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, EPE (SPMS)”, fazendo com que “seja cada vez mais difícil, por exemplo, consultar o registo clínico, prescrever medicamentos e Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica”.

“Os responsáveis dos Serviços Partilhados do Ministérios da Saúde (SPMS) desconhecem a dimensão e a gravidade do problema porque não se deslocam às unidades do SNS”, afirma Carlos Cortes, presidente da SRCOM, citado pela Lusa. Cortes denuncia ainda que “a inércia da entidade responsável pela gestão do sistema informático do SNS está a causar graves problemas, com forte impacto na vida dos utentes” – tais como o cancelamento ou adiamento de consultas.

"Há doentes que voltam repetidamente ao seu Centro de Saúde, apenas e só, devido aos problemas dos constantes bloqueios do sistema informático", acrescenta Carlos Cortes, defendendo que "antes de se avançar com novos sistemas, é necessário resolver estes bloqueios desesperantes".