Dezenas de milhares de manifestantes encheram hoje as ruas de Atenas para protestar contra o acordo estabelecido entre o governo grego e macedónio que visa ultrapassar um impasse em relação ao país que surgiu da desagregação da Jugoslávia e que ainda hoje se designa pelo que foi no passado e não pelo que é no presente, um país independente há 27 anos: Antiga República Jugoslava da Macedónia.
O tema continua a ser polémico tantos anos depois e capaz de exacerbar protestos nacionalistas. Ontem, poucos dias antes do parlamento grego ratificar o acordo, que permitirá ao país independente passar a chamar-se República da Macedónia do Norte, os protestos voltaram a subir de tom. Dezenas de milhares de manifestantes reuniram-se na praça Syntagma, em Atenas: no cálculo da polícia estavam 60 mil pessoas, na versão dos organizadores, 100 mil. Alguns deles acabaram por entrar em confronto com a polícia, atirando cocktails molotov, tinta, pedras e outros objetos. Uma trintena de jovens encapuzados tentou forçar o encerramento do parlamento, respondendo os agentes antidistúrbios com gás lacrimogéneo.
Muitos gregos estão preocupados pelo acordo que põe termo ao longo diferendo, temem que a Macedónia do Norte acabe por, no futuro, reclamar soberania por território da atual província grega da Macedónia, com base em justificações históricas.
Através do acordo, o governo de Skopje aceita acrescentar o Norte à sua exigência de chamar-se Macedónia, em troca, Atenas levanta as objeções a que o país independente se tornar membro da NATO.
O executivo de Alexis Tsipras conseguiu sobreviver a uma moção de confiança na semana passada, depois de Panos Kammenos, líder do partido Gregos Independentes, ter retirado o seu partido da coligação governamental em protesto pelo acordo sobre a Macedónia. O acordo começa a ser discutido hoje e será votado na sexta-feira pelos deputados. A. R.