O partido de extrema-direita Vox recebeu quantias avultadas do Conselho Nacional de Resistência do Irão (CNRI). Esta organização de opositores ao regime iraniano teve um braço armado que figurou até 2012 na lista de grupos terroristas da UE. As transferências começaram logo aquando da fundação do Vox e foram utilizadas em gastos quotidianos do partido, desde a renda da sede aos salários dos funcionários e do líder do partido, Santiago Abascal.
“Os fundos dos exilados iranianos não serviram só para pagar a campanha das eleições europeias de 2014, mas também para pôr em marcha o Vox”, admitiu Alejo Vidal-Quadras, primeiro presidente e fundador do Vox.
Segundo a investigação do “El País”, simpatizantes da organização iraniana enviaram quase um milhão de euros para as contas do partido espanhol entre dezembro de 2013 e abril de 2014. “Santiago Abascal esteve a par de tudo, expliquei a minha relação com o CNRI e disse que nos financiariam. Pareceu-lhe bem. Estava encantado. Não colocou nenhum problema”, disse Vidal-Quadras.
A relação entre Vidal-Quadras e a organização iraniana remonta ao seu percurso enquanto eurodeputado do Partido Popular (PP) entre 1999 e 2014, período em que recebeu várias delegações de opositores iranianos. Após sair do PP e fundar o Vox, Vidal-Quadras terá passado esses contactos ao partido.
O dinheiro iraniano foi canalizado para as contas do Vox por mais de uma centena de doadores anónimos. Nenhuma das doações ultrapassa o limite anual de 100 mil euros, estabelecido pela lei dos partidos espanhola. Esta lei proíbe também doações de partidos ou organizações estrangeiras.
O “El País” já tinha noticiado que o CNRI tinha financiado 80% da campanha às eleições europeias do Vox, em 2014. Agora revela que a relação vem desde a fundação do partido, que alterou o panorama político espanhol com o seu súbito crescimento