Sem saberem como serão as suas vidas no pós-Brexit, 463 portugueses emigrados no Reino Unido optaram, no terceiro trimestre de 2018, por pedir a nacionalidade britânica. No terceiro trimeste de 2016, antes do referendo, tinham sido apenas 165, três vezes menos, segundo dados do governo britânico. Em 2017, foram 1234, valor que é quase o dobro dos pedidos em 2016: 672, segundo uma investigação de Inês Vidigal, do Observatório da Emigração, com base em dados do governo britânico. No entanto, entre os mais de 123 mil pedidos de nacionalidade, os portugueses representam apenas 1%. Entre 2016 e 2018, mais de três mil portugueses já pediram a nacionalidade britânica.
“Este incremento no número de aquisições da nacionalidade parece explicar-se, sobretudo, pelos receios induzidos pelo Brexit e pela redução de direitos associado ao estatuto de estrangeiro que daí poderá resultar”, explica a investigadora.
Uma perspetiva corroborada por Pedro Xavier, comissário para a igualdade na Câmara de Lambeth, que disse ao i que “a informação prestada pelas autoridades britânicas é, infelizmente, ambígua, no sentido dos direitos dos cidadãos”. Se a informação já é pouca, há portugueses, como é o caso de Mariana Ló, designer de 26 anos que vive em Londres desde 2013, que sabem vir a precisar de vários documentos para obterem a autorização de residência permanente e, assim, terem “os mesmos direitos a trabalhar e a residir” no país. “Muita papelada”, resume a jovem.
Quem quiser pedir a autorização precisa de residir no país há pelo menos cinco anos. E para se poder pedir a nacionalidade britânica, a pessoa tem de ter autorização de residência permanente ou um visto definitivo há mais de 12 meses, o que leva muitos portugueses a fazerem esse pedido antes do Brexit.