Os Estados Unidos vão pedir a extradição da diretora financeira e filha do fundador da Huawei, Meng Wanzhou, detida no Canadá a pedido da justiça norte-americana. Em causa estão alegadas violações das sanções norte-americanas contra o Irão. A China já disse que vai responder em conformidade.
As intenções da justiça norte–americana foram reveladas pelo embaixador canadiano nos Estados Unidos, David MacNaughton, num entrevista aos jornais “Globe” e “Mail”. No entanto, o embaixador não avançou com pormenores sobre o pedido, nomeadamente a data. Sabe-se apenas que terá de ser formalmente apresentado até 30 de janeiro, quando fazem 60 dias desde que a diretora financeira foi detida pelas autoridades canadianas. Wanzhou foi libertada sob fiança o mês passado e será presente num tribunal em Vancouver a 6 de fevereiro.
As relações entre Washington e Pequim desceram para níveis históricos desde que a guerra comercial começou – encontram–se neste momento numa trégua que terminará daqui a pouco mais de 30 dias. E, no meio deste conflito, o pedido ao Canadá para deter Wanzhou aumentou as tensões, colocando o vizinho dos Estados Unidos numa posição sensível.
Após a decisão canadiana, Pequim exigiu a libertação imediata da sua cidadã e ameaçou que as consequências seriam duras caso isso não acontecesse. Com o Canadá a recusar-se a ceder à exigência, Pequim deteve três cidadãos canadianos, condenando um deles à pena de morte por tráfico de droga.
A China sempre negou que as detenções dos três canadianos estivessem relacionadas com Wanzhou, mas Washington e Otava têm perspetivas diferentes.
“O Canadá e os Estados Unidos abusaram do seu tratado de extradição bilateral para violar gravemente a segurança e direitos legais de uma cidadã chinesa”, acusou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hua Chunying, em conferência de imprensa. De seguida, Chunying “apelou fortemente” a Washington para que corrigisse esse “erro” libertando Wanzhou e não pedindo a extradição. “A China vai, claro, responder às ações norte-americanas”, avisou Hua quando questionado se Pequim iria retaliar.
A Huawei também está a encetar esforços para que a diretora financeira seja libertada, estando à procura de uma forma rápida de resolver a situação. “Operamos os nossos negócios globalmente e, em todos os países, cumprimos integralmente as leis e os regulamentos locais”, garantiu Liang Hua, que substituiu Wanzhou no cargo de diretor financeiro após a sua detenção.