As operações de resgate de Julen, o menino dois anos que caiu num poço na localidade de Totalán, em Málaga, no passado dia 13, voltaram ontem a sofrer um revés. Os tubos que servem para revestir o túnel vertical aberto paralelamente ao furo onde caiu a criança ficaram presos a 40 metros de profundidade.
Neste tipo de trabalhos, os tubos são essenciais, pois irão proteger os operacionais que irão levar a cabo a última fase do resgate – a construção de uma câmara horizontal que irá ligar este buraco ao poço onde o menino caiu.
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Agora, os operacionais terão de voltar a perfurar o solo por forma a alargar o túnel. Só depois é que a Brigada de Mineiros poderá escavar manualmente o troço horizontal. O chefe deste grupo, Santiago Suárez, diz que a maior dificuldade é o terreno: trata-se de um solo “atípico e estranhamente duro”, explicou ao El Mundo. Este problema tem causado vários entraves nas operações – o túnel vertical deveria ter sido perfurado em 15 horas, mas acabou por demorar 55 horas.
Os trabalhos dos mineiros deverão demorar mais de um dia. A escavação lateral será feita com recurso a picaretas e martelos pneumáticos. Além disso, está a ser avaliada a hipótese de utilizar microexplosivos, caso o terreno seja muito duro.
Tendo em conta os sucessivos atrasos que têm ocorrido ao longo destes trabalhos, as autoridades preferem não dar uma estimativa do tempo que as operações possam demorar.
Entretanto, o Tribunal de Instrução de Málaga ordenou a abertura de um inquérito para apurar as circunstâncias exatas em que Julen caiu no poço. Segundo a imprensa espanhola Esta decisão surge depois de ter sido divulgado o relatório do Serviço de Proteção da Natureza (Seprona) da Guardia Civil e de as autoridades terem recolhido depoimentos dos pais da criança, do dono do terreno e da pessoa que fez o furo. O Seprona defende que o furo era ilegal e que as obras realizadas dias antes do acidente não foram autorizadas – estas obras fizeram com que a pedra que selava o furo fosse retirada do local.
As hipóteses de a criança ser encontrada com vida são cada vez mais remotas. Os pais de Julen estão desde quinta-feira numa casa cedida por um habitante de Totalán, para continuarem perto das operações de resgate. Victoria e José têm recebido apoio das autoridades, da população e de amigos e familiares que se tem deslocado até ao local. Recorde-se que o casal já tinha perdido um filho em 2017, vítima de uma doença cardíaca.