O investigador He Jiankui vai ser punido pela China por ter realizado manipulação genética em bebés. A China acusa-o de ter desafiado a lei e a integridade científica.
Segundo a agência oficial de notícias Xinhua, a edição genética de embriões humanos é “explicitamente proibida por lei” e, por isso, He Jiankui e “outros funcionários e organizações relevantes” vão ser punidos segundo as leis chinesas e os regulamentos nacionais.
O projeto de He Jiankui, o primeiro a realizar manipulação genética de bebés no mundo, foi iniciado em 2016, depois de o cientista ter reunido uma equipa que incluía membros estrangeiros. Segundo um documento assinado pelos investigadores da província de Guangdong, a investigação científica recorreu a “tecnologias sem garantias de segurança e eficácia”.
O cientista anunciou, em novembro, o nascimento de duas gémeas cujo material genético tinha sido modificado através de um vídeo publicado no Youtube. “Com um falso certificado de revisão ética, [He Jiankui] recrutou oito casais voluntários (os homens testaram positivo para o anticorpo HIV, as mulheres testaram negativo) e realizou experiências entre março de 2017 e novembro de 2018”, explica a investigação das autoridades chinesas.
“As atividades violaram gravemente os princípios éticos e a integridade científica e violaram importantes regulamentos governamentais da China”, pode ainda ler-se no relatório. Segundo as autoridades chinesas, a “fama e benefício pessoais” foram as motivações do cientista.
O caso recebeu também a condenação da comunidade científica, tendo a Organização Mundial de Saúde (OMS) criado um grupo de trabalho para abordar a manipulação genética, após o anúncio de He Jiankui. Ted Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, declarou, a 3 de janeiro, que a modificação genética em seres humanos “não pode ocorrer sem diretrizes claras”.