Os desacatos de domingo no Bairro da Jamaica, no Seixal, e os episódios que se seguiram – desde uma manifestação no centro de Lisboa onde as autoridades recorreram a balas de borracha, a noites seguidas de contentores incendiados e carros vandalizados – têm estado no centro da polémica e motivado as mais variadas reações. Agora, foi a vez da Organização Sindical dos Polícias que, em comunicado, diz constatar "com desagrado os comentários e acusações que têm sido proferidos contra os profissionais de polícia e contra a PSP, pelos diversos meios de comunicação", considerando ainda "lamentável e desadequado discursos políticos ou passionais de quem pode mudar a moldura dos acontecimentos, de quem tem poder de decisão no país".
Para os dirigentes da estrutura sindical, "estas condutas são pensadas com fundamento político, instigando irresponsavelmente quem procura um alibi para cometer ilícitos criminais. Uma sociedade de direito democrático tem de ter policia apoiada e respeitada por quem governa, investindo continuamente na segurança pública, munindo os seus profissionais de condições de trabalho operacionais e administrativas adequadas, formação especifica continua e vencimentos condignos à sua realidade e responsabilidade que é a segurança pública", defendem.
"É assente que sem segurança há a regressão da economia, a vida em sociedade depende da segurança pública, instigar contra as forças de segurança, é incitar à violência é corroer a sociedade de direito", escrevem os responsáveis do sindicato, assinalando que "Este tipo de acontecimentos não são singulares, agressões e desrespeito para com as forças de segurança, pondo em causa o seu trabalho acontece diariamente, na rua, nas redes sociais", não acontecendo, "na grande maioria das vezes" nada "aos prevaricadores destes atos", lamentam.
Na nota enviada às redações, os responsáveis não esquecem a tutela. "Embora neste caso o Exmo. Senhor Ministro da administração interna tenha feito declarações dando apoio e a sua confiança à Polícia e seus profissionais, o sentimento de impunidade amplia quando o próprio governo desvirtua a realidade policial, desinvestindo continuamente nas suas condições de trabalho e tratando os profissionais de Polícia de forma diferente dos outros trabalhadores portugueses, criando legislações laborais específicas desfavoráveis tanto ao nível salarial como de equivalência profissional.
Tristemente a realidade e trato que é oferecido pelo governo à PSP e seus profissionais é oculta, sendo por vezes exposta parte dela através dos meios de comunicação social".
Os polícias defendem, por isso, "uma mudança na cultura governamental, no trato profissional e passional às forças de segurança, para que o cidadão possa usufruir coerentemente dos seus direitos e deveres contemplados pela nossa sociedade democrática". "Mudanças legislativas terão de acontecer, punindo concretamente quem por qualquer forma criminal atenta contra as forças de segurança e rever a lei da imigração pondo em cima da mesa a extradição para cidadãos estrangeiros que façam do crime modo de vida ou que cometam ilícitos criminais puníveis com pena superior a 5 anos", afirmar.
No final, os responsáveis sindicais deixam uma promessa: "referente às declarações proferidas pelo assessor do partido Bloco de Esquerda, senhor Mamadou Ba, a Organização Sindical dos Polícias irá proceder criminalmente contra este cidadão".