Em janeiro, o medidor de partículas inaláveis de Paio Pires registou por 13 dias valores acima do limite. A informação foi hoje avançada pela associação ambientalista Zero e, como o i noticiou, só este ano a GNR já recebeu 26 queixas. Em causa está o pó branco que invadiu a aldeia e que os moradores relatam ao i ser especialmente difícil de remover dos carros, sendo necessário recorrer mesmo a esfregões palha-de-aço.
Como a Zero explica em comunicado, os ambientalistas recorreram a dados provisórios disponiveis no site da Agência Portuguesa do Ambiente. Os dados estão ainda por validar, mas a partir dos registos é possível concluir que, nos primeiros 28 dias do ano, "13 dias, quase metade do período analisado, acima do valor-limite diário de partículas inaláveis [diário] de 50 microgramas por metro cúbico”. A lei, nota a associação, "não permite mais de 35 dias por ano de ultrapassagem aos valores-limite diários e a média anual não pode ultrapassar os 40 microgramas por metro cúbico”.
Na mesma nota, a associação ambientalista recorda que "desde há anos que a situação da indústria S.N. Seixal – Siderurgia Nacional, S.A. (propriedade do Grupo MEGASA), eventual origem dos elevados níveis de partículas em causa, tem sido fonte de controvérsia, tendo sido alvo de diversas ações inspetivas e de melhoria que, a ser confirmada como fonte da poluição verificada, não têm tido o reflexo positivo esperado. As condições meteorológicas das últimas semanas, com vento fraco e temperaturas baixas deverão também ter sido decisivas para uma maior concentração dos poluentes em causa".
E deixa o alerta: "as emissões da indústria siderúrgica no que respeita às partículas podem representar uma maior ameaça à saúde pública pela presença de metais pesados e de diversos compostos que agravam quer uma maior ocorrência de doenças, quer de uma maior mortalidade, afetando principalmente as populações mais sensíveis (crianças, idosos e pessoas com problemas respiratórios)".
O pó, de resto, não é uma novidade na região: os moradores convivem diariamente com pó preto, que como relatam está um pouco por todo lado, desde as campas do cemitério, às varandas das casas, aos carros. Além da GNR, que confirmou ao i que recolheu "uma amostra dos resíduos na Aldeia de Paio Pires, tendo encaminhado a mesma para a Agência Portuguesa do Ambiente (APA)" , também o Minostério Público está a investigar.