Depois do sucesso que teve e dos prémios que ganhou, A Very English Scandal vai regressar à televisão. Esta série da BBC retratou o escândalo que envolveu o político inglês Jeremy Thorpe e a sua relação secreta com Norman Scott, numa altura em que a homossexualidade era proibida no Reino Unido. Agora, o foco é a história da mulher que ficou conhecida como a ‘duquesa malcomportada’.
Margarida Campbell, duquesa de Argyll, esteve na capa de todas as revistas e jornais no ano de 1963, quando se separou do segundo marido, em 1963. Mas para entender este escândalo, é preciso recuar um pouco no tempo. O seu primeiro casamento foi com Charles Francis Sweeny, em 1933. Tiveram três filhos. Em 1943, Margarida sofreu uma queda de 12 metros no poço de um elevador e esteve quase a perder a vida. Depois de vários meses de recuperação, a jovem mulher de 31 anos conseguiu voltar à vida normal, mas, segundo os testemunhos na altura, ficou sem o palato, sem o olfato e ganhou um apetite sexual nunca antes visto.
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Este comportamento terá estado na origem do primeiro divórcio, em 1947. Em março de 1951, Margarida casa-se com Ian Douglas Campbell, 11º duque de Argyll. Ao fim de pouco tempo, o casamento começou a desfazer-se: o duque suspeitava que a sua mulher estava a ser infiel e, enquanto Margarida passava uns dias em Nova Iorque, Ian contratou um homem para abrir a cómoda da companheira. O que encontrou acabou por servir de provas para o seu divórcio.
Dentro das gavetas, Margarida escondia fotografias comprometedoras. A duquesa aparecia completamente nua, apenas com um colar de pérolas, em poses sexuais. Numa das imagens, Margarida surge a fazer sexo oral a homem cuja identidade nunca foi revelada. No entanto, a imprensa escreveu na altura que o ‘homem sem cabeça’, como ficou conhecido, era Duncan Sandys, o então ministro da Defesa que viria ser genro de Winston Churchill. Apesar de esta informação nunca ter sido confirmada, Sandys colocou o ligar à disposição.
Em tribunal a defesa do duque de Argyll apresentou uma lista com 88 nomes de homens com quem a mulher teria alegadamente mantido relações sexuais. A lista nunca foi revelada, mas, segundo o que a imprensa escreveu na altura, o documento continha o nome de dois ministros em funções na altura e três membros da família real britânica. Na altura da decisão, o juiz Lord Wheatley concedeu o divórcio ao duque de Argyll, chegando mesmo a comentar durante a audiência que a duquesa tinha participado “em atividades sexuais nojentas” e que Margarida “era uma mulher promíscua cujo apetite sexual só poderia ser satisfeito mantendo relações sexuais com muitos homens”.
Até à sua morte, em 1993, Margarida nunca revelou a identidade do ‘homem sem cabeça’. Mais tarde, houve quem defendesse que, na verdade, existiam dois ‘homens sem cabeça’ – Sandys e Douglas Fairbanks, ator e realizador norte-americano. Estas afirmações nunca foram confirmadas por Fairbanks, que sempre negou estar envolvido nesta história.
Agora, os produtores de A Very English Scandal querem trazer esta história para o pequeno ecrã. “Naquela altura, a notícia esteve em todos os jornais: as pessoas acreditavam que membros da família real, do governo e da elite de Hollywood estavam envolvidos neste escândalo. Ainda hoje não se sabe se isso é verdade”, explicou o produtor da série, Dominic Treadwell-Collins, ao Radio Times.
Ainda não se sabe quem irá dar vida à duquesa de Argyll e aos seus amantes, nem quando a segunda parte esta série da BBC irá estrear.