Greve cirúrgica. Em dois dias ficaram por realizar 645 cirurgias

Dados divulgados hoje pela tutela são de cirurgias canceladas entre  31 de janeiro e 1 de fevereiro em sete hospitais e centros hospitalares

O Ministério da Saúde começou esta segunda-feira a divulgar o impacto que a segunda greve cirúrgica dos enfermeiros – que se prolongará até dia 28 – tem na realização de operações em sete hospitais e centros hospitalares que, juntos, representam mais de uma dezena de unidades. Segundo a tutela, só entre 31 de janeiro e 1 de fevereiro ficaram por realizar 57% de todas as cirurgias previstas nos centros hospitalares Universitário de São João, Universitário do Porto, Vila Nova de Gaia/Espinho, Entre Douro e Vouga, Tondela Viseu e nos hospitais de Braga e Garcia de Orta. Isto significa que das 1133 operações que estavam marcadas, 645 não foram realizadas.

Os dados divulgados pelo ministério tutelado por Marta Temido são genéricos, não referindo quais das cirurgias não realizadas dizem respeito a casos graves. A decisão do governo de avançar com este balanço, como o i noticiou ontem, surge depois de no ano passado, durante a primeira greve, terem sido adiadas perto de 500 cirurgias prioritárias – ou seja, que têm de ser feitas num espaço de dois meses. Foram canceladas nesse primeiro período de greve 7529 operações.

Atendendo aos dados facultados pelo Ministério da Saúde, o centro hospitalar que mais sofreu com a greve destes profissionais foi o de Entre Douro e Vouga: das 131 cirurgias agendadas, apenas se realizaram 25, o que significa que 81% foram adiadas.

De seguida, com quase 70% de cirurgias não realizadas, surge o Centro Hospitalar Universitário de São João: das 263 previstas para os dias 31 de janeiro e 1 de fevereiro, apenas foram feitas 85. Com números idênticos aparece o Centro Hospitalar Universitário do Porto, onde das 287 operações agendadas, 186 acabaram por não acontecer devido à greve naqueles dois dias.

No Hospital Garcia de Orta, metade das cirurgias ficaram por fazer e o Hospital de Braga registou uma percentagem de não realizadas a rondar os 38%, seguido pelo Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, onde o protesto levou ao cancelamento de 37% das operações. Dos dados divulgados, o Centro Hospitalar Tondela Viseu foi, ainda assim, aquele onde menos se sentiram os efeitos da greve nas cirurgias – das 35 operações previstas, 24 realizaram-se. 

A decisão de divulgar os dados relativos a cirurgias adiadas surge depois de a Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares ter insistido com a tutela para que tornasse públicos os números de doentes graves que ficam sem operação devido à greve.

O governo e os enfermeiros mantêm o braço-de-ferro, com os profissionais a ponderar alargar os protestos até às eleições legislativas. Enquanto isso, a tutela não descarta a hipótese de uma requisição civil e de solicitar à Procuradoria–Geral da República um novo parecer sobre a legalidade desta segunda greve cirúrgica.