Carolina Costa, jovem bracarense que começou no ballet aos três anos de idade, está agora a conquistar o mundo, tendo sido classificada como menina mulher, pela Associação das Mulheres Empreendedoras Europa/África, que dia 22 a distinguirá, com o Prémio Arte, no Estoril, pelas suas conquistas para Portugal – mais um reconhecimento para a bailarina.
Esta semana, durante uma curta deslocação até Braga, a casa dos seus pais, confidenciou ao b,i. que quer ser «profissional», embora tendo consciência que não será fácil. «Este é um mundo extremamente competitivo onde existem milhares de meninas que, como eu, têm o mesmo sonho, mas só atingindo a perfeição em todos os aspetos é que terei oportunidade para o concretizar».
Carolina não duvida que «Portugal dispõe de excelentes escolas e de bailarinos, que têm ganho imensos prémios por esse mundo fora, só é pena que as saídas profissionais sejam tão limitadas, pois o talento é elevado em muitos jovens como eu, também no nosso país».
Apaixonada pelo caminho que está a trilhar, Carolina só vê vantagens no ballet. «A dança consegue juntar várias componentes artísticas, música, expressão dramática e a excelência da técnica». «A dançar sinto-me livre e feliz», afirma, explicando que «o foco, disciplina, rigor, perseverança e o estar à vontade sozinha num palco são competências adquiridas com o ballet» mas que também utiliza no seu dia a dia.
«A quem desconhecer o mundo do ballet, só posso dizer para o experimentar, mesmo que não seja com o objetivo de serem bailarinos profissionais, vão adquirir competências muito importantes para a vida quotidiana», aconselha a jovem.
Nos últimos dias, tornou-se ‘famosa’ após ter conquistado três medalhas de ouro durante o Ballet Beyond Borders Grand Prix Dance Challenge, disputado em Missoula, Estado de Montana, nos Estados Unidos da América. O feito levou a Assembleia da República a atribuir-lhe um voto de louvor por unanimidade pelo «exemplo de esforço, trabalho e perseverança, tendo pela frente uma promissora carreira», referiu o Parlamento.
Não é para menos: Carolina obteve o primeiro lugar em todas as categorias em que competiu e viu o nome inscrito entre vencedores da competição, juntando-se a grandes bailarinos de vários países, como Canadá, Coreia do Sul, China, EUA, México, Itália e Roménia, entre outros.
A jovem bailarina destacou-se com as atuações a solo (ballet clássico e contemporâneo) e também em Pas de Deux, com o bailarino Francisco Gomes, de 15 anos, que se revelou na edição de 2018 do Got Talent Portugal, alcançando já este por sua vez o segundo lugar.
De volta a Portugal, Carolina diz-se muito satisfeita. «Estou muito feliz por receber estes prémios na primeira vez que eu participei numa competição tão especial. Foi um oportunidade única partilhar o palco com os bailarinos e as bailarinas que são reconhecidos mundialmente. Em cada dia da competição, tanto nas aulas, como durante as atuações, aprendi imenso».
E apesar da curta idade, este não é um feito inédito. Há pouco mais de meio ano, a bailarina, então ainda com 11 anos, conquistou quatro medalhas de ouro e também uma de prata, na Final do Dance World Cup, que decorreu em Barcelona, no mês de junho. «Foi resultado fantástico, apesar do pouco tempo que tive para ensaiar as seis coreografias – tive só seis dias para as aprender».
De Braga para Leiria
Carolina Costa nasceu em Braga, em outubro de 2006, e com apenas três anos iniciou o seu percurso na dança, integrando, aos oito anos a Ent’artes – Escola de Dança de Braga, participando em vários saraus, eventos e espetáculos, com o apoio incondicional dos pais e da restante família. Afinal foi a avó que, aos três, percebeu a sua vocação e a inscreveu no ballet.
Em 2017, concorreu ao Prémio de Jovens Talentos de Braga, onde obteve o primeiro lugar. Recentemente, a jovem bailarina passou da Ent’artes – Escola de Dança de Braga, para o Conservatório Internacional de Dança Annarella Sanchez, em Leiria.
No outono de 2018, já com 12 anos feitos, estagiou em Moscovo, com alguns dos bailarinos mais prestigiados do mundo, o que foi um marco importante para a sua carreira.
Mas é o desafio de se ter mudado para Leiria, no início do verão passado, que aponta como decisivo. «Leiria é a capital da dança em Portugal», resume, ou não fosse o Conservatório Internacional de Dança Annarella Sanchez, uma academia de renome internacional, um alfobre de jovens talentos, cujos alunos têm ganho primeiros prémios em quase todos os concursos internacionais onde participam, de Itália até aos Estados Unidos da América, passando pelo México, a África do Sul
e a Espanha.
«Há pouco mais de meio ano, vi essa mudança com muita motivação e determinação, foi um grande desafio que consegui superar, tendo continuado a crescer e a evoluir sempre como bailarina, com as melhores condições e os melhores professores», salientou , afirmando que nunca se sentiu assustada por ter deixado o lar familiar, durante toda a semana.
Para os seus pais, também «não foi nada fácil ver uma filha sair de casa com apenas onze anos, mas já sabíamos que a Carolina abdicava de tanto para poder ensaiar e dançar… Ao todo são mais de 35 horas por semana, não seria justo privá-la desta oportunidade». «Sentindo nós a paixão da Carolina pela dança e o desejo que ela tem em ser bailarina profissional, também estamos plenamente motivados com essa opção e tudo faremos para que ela concretize esse sonho», revelam os pais, mesmo sabendo «que as saídas profissionais em Portugal são bastante limitadas». «Estamos perfeitamente preparados para que a Carolina vá até para uma companhia no estrangeiro, seja ela em Nova Iorque, Londres ou Moscovo. Há pouco tempo, uma amiga nossa comentava que os maiores presentes que podemos dar a um filho são raízes e asas, é isso que tentamos dar à Carolina. Só ela poderá decidir para onde quer voar», sublinham.
Gratidão aos mestres e colegas
Nesta hora de receber prémios e distinções, Carolina Costa, não esquece os seus mestres. «Agradeço a todos os meus professores do Conservatório Internacional de Ballet e Dança Annarella Sanchez, de Leiria, pela dedicação, o carinho e profissionalismo, e de uma forma muito especial ao Professor Enrique Perez Cancio Cantero, que coreografou o solo de contemporâneo com que venci o primeiro lugar nesta categoria.
E dou os meus parabéns aos colegas e amigos do Conservatório, que sempre me acompanharam nesta viagem por maravilhosas atuações, pelos prémios que receberam, sem eles nada disto seria possível».
A gratidão de Carolina estende-se até Braga, a sua terra natal, ao seu tempo na Ent’artes, onde diz ter passado «quatro anos fantásticos, com tudo o que de melhor existe, a aprendizagem, a partilha, a solidariedade, o companheirismo e acima de tudo a muita amizade». «Foi ali que cresci como bailarina, mas mais importante que isso, como pessoa,
pois fiquei mais forte, resiliente, determinada, aprendi lições que vou recordar durante
toda a minha vida».
Também os seus pais não esquecem de forma alguma os primeiros anos na Ent’artes, que «foi e continuará a ser para nós e para a Carolina uma segunda família». «Foram tantas as horas passadas em ensaios, espetáculos e competições, que não existe outra palavra, a não ser família, para descrever o grupo de amigos da Carolina, composto quase na totalidade pelos alunos da Ent’artes. E nós, pais, criamos igualmente uma relação muito forte, todos tínhamos como único objetivo o apoio incondicional aos nossos filhos».