O novo presidente da Aliança decidiu falar ao congresso do partido pelas 22 horas, este sábado e, avisou que subia ao púlpito para uma "conversa" e não para um discurso. A conversa durou mais uma hora e serviu para atacar a frente de esquerda.
Santana Lopes começou por dizer que se sentia "esmagado, mas no bom sentido" pelo trabalho conjunto de três meses da Aliança e pelas intervenções no congresso. Uma prova de que o partido veio para ficar para "várias gerações" e não é uma força politica de homem só. Recado dado, o presidente do partido Aliança atacou a frente de esquerda, recorrendo sempre à pergunta "Que país é este?'". Para Mário Centeno, ministro das Finanças, surgiu a acusação de "crime lesa- pátria" pela degradação do serviço nacional de Saúde.
Depois recordou que, apesar de existirem problemas antes da tomada de posse de António Costa, há três anos e meio, Santana Lopes apontou os 1599 dias para ter uma consulta de urologia no norte do país. "Que país é este?", voltou a perguntar. "Isto é socialismo?" E acusou os partidos de esquerda de "cometerem tantos erros", que lhe custa a crer , questionado porque razão se juntaram para garantir o governo do PS.
Santana Lopes não esqueceu o passado e ainda recuperou a queda do seu governo em 2004. "Se o presidente da República [ Jorge Sampaio] não tem feito o que fez, Portugal estaria hoje muito diferente de certeza absoluta", afirmou já a conversa durava há uma hora.
Mas a referência presidencial não se esgotou em Jorge Sampaio. Também Marcelo Rebelo de Sousa mereceu uma crítica. Santana Lopes pediu mais equilíbrio ao Chefe de Estado. "Sempre defendi e defendo a solidariedade institucional entre Presidente da República e o Governo, mas não é preciso exagerar, é preciso equilíbrio", começou por pedir o presidente do Aliança. Para o efeito, Santana Lopes assumiu que não gostou do registo do Presidente, da forma "como saltou" no processo que opõe o executivo e os enfermeiros. Para Santana Lopes, o governo tem dois pesos e duas medidas na forma como trata o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, afeto à CGTP, e a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco. Que chegou a integrar o conselho nacional do PSD.
Sobre a Europa, Santana Lopes defendeu que é preciso uma nova atitude para com Bruxelas, mas não deixou de atacar o governo de frente de esquerda, por andar a "tirar milhões de euros de dívidas a fornecedores para baixo do tapete". Tudo para "beijar a mão aos senhores de Bruxelas".
Santana Lopes ainda criticou as falsas presenças no Parlamento e o facto de "andarem a trocar cartões" numa alusão ao caso do secretário-geral do PSD, José Silvano.
No final fez um apelo à abstenção e uma chance para o partido tanto nas Europeias como nas Legislativas.