Foi durante mais de 60 anos médico pneumologista, militante base do PSD, e também presidiu à Assembleia Municipal de Vila Real. António Passos Coelho, pai do antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, morreu na passada segunda-feira, aos 92 anos.
Nascido em 1926, em Vale de Nogueiras, Vila Real, António Passos Coelho começou por exercer no Caramulo, na altura em que aqui funcionava um dos maiores sanatórios de Portugal. Depois mudou-se para Angola, onde chegou a ser diretor do Hospital – Sanatório de Luanda, tendo no entanto começado por combater a tuberculose na província do Bié. De volta a Portugal, fixa-se na sua terra natal. Abriu um consultório e chegou a ser diretor do hospital de Vila Real. Foi ainda presidente da Assembleia Municipal desta cidade. Também abriu um consultório e, conciliou a atividade profissional e política com o gosto pela escrita: entre contos, poesia e romances publicou vários livros.
Casou com Maria Rodrigues Santos Mamede, enfermeira, e juntos tiveram quatro filhos, incluindo o antigo primeiro-ministro. Pedro é o filho mais novo do casal e, apesar de ter nascido em Coimbra, passou parte da infância em Angola devido à colocação do pai.
Era uma figura «muito conhecida e respeitada» em Vila Real, dizia à Lusa Vasco Amorim, presidente da concelhia social democrata que, na hora da despedida, escolheu destacar o «percurso extraordinário» e o «lado humano» de António Passos Coelho.
As cerimónias fúnebres decorreram na passada terça feira, em Vila Real, com a presença de vários deputados, autarcas e outros políticos, que se juntaram às centenas de pessoas que aplaudiram o corpo à saída da igreja.
O líder do PSD, Rui Rio, marcou presença, assim como os ex-líderes parlamentares sociais-democratas Luís Montenegro e Hugo Soares, os ex-ministros Miguel Relvas e Miguel Macedo, Assunção Esteves, ex-presidente da Assembleia da República; Pedro Santana Lopes, cabeça do Aliança, ou o eurodeputado socialista Francisco Assis.
Marcelo Rebelo de Sousa também se despediu do pai do ex-primeiro-ministro, sublinhando a doação ao serviço público do médico. «Esteve décadas aqui ao serviço da comunidade e, como digo, quase até ao fim da sua vida, sempre com uma juventude de espírito e com um espírito de dedicação total aos seus doentes, mas não só, ele interessava-se pela vida da comunidade. Isso é notável», notou Marcelo Rebelo de Sousa, citado pelo Público. «Era uma figura excecional, foi excecional em Angola e aqui, era um verdadeiro senador».