Há coisa de um ano, Octávio Matos deixava saber aquilo que o separava de tantos outros atores, «bons atores que andam aí aflitos porque não têm trabalho». Numa entrevista ao Notícias ao Minuto, deixava saber que tinha um trato com o seu público: o seu nome tinha de ser um selo de qualidade: «Eu tenho uma coisa: só faço um espetáculo se for bom. E o meu público sabe que um espetáculo com o Octávio é um espetáculo bom. Isso dá-me um certo gozo e orgulho. Tenho respeito pelo público, mas o público também tem de ter respeito por mim.»
Nome indelevelmente ligado à revista, ainda não tinha entrado na maioridade quando se estreou como ator e foi ator – e encenador e diretor de atores – até ao fim da carreira. Octávio Matos morreu no domingo, aos 79 anos, e ainda não é conhecida a causa da sua morte. Tinha subido ao palco pela última vez em 2014, na comédia Quem é o Jeremias?, com Álvaro Faria e Paula Marcel; e em 2016 emprestou, naquele que viria a ser um dos seus últimos trabalhos como ator, a voz a uma das personagens do filme de animação O Panda do Kung Fu 3.
Nascido no Porto a 5 de abril de 1939, Octávio Matos era um menino de quatro anos quando começou a treinar os primeiros truques de magia. Pudera: era filho de artistas, e foi com os pais que, em criança, percorreu em digressão as ex-colónias. A vontade de seguir o legado familiar não foi aplainada pela adolescência e estreou-se oficialmente aos 17 anos.
Do ABC ao Maria Vitória, foi no teatro de revista que se notabilizou. Também fez cinema, caminho que começou a trilhar logo na década de 60, com O Parque das Ilusões, de Pedro Queiroga, seguindo-se Cruz de Ferro (de Jorge Brum do Canto, 1969). Era conhecido pelo registo cómico e foi também nesse tom que os trabalhos na televisão – essencialmente na década de 90 – o tornaram conhecido do grande público, tendo participado em séries como Eu Show Nico, Nico D’Obra, Nós os Ricos, Camilo o Pendura ou O Prédio do Vasco.