Osaka insaciável sonha mais alto

Naomi Osaka é aos 21 anos a primeira asiática n.º 1 mundial. Em setembro tornara-se na primeira japonesa (mulher ou homem) a vencer um torneio de singulares do Grand Slam, no US Open, e agora foi a primeira a ganhar o Open da Austrália. Em menos de um ano, a japonesa que também tem nacionalidade…

Naomi Osaka é aos 21 anos a primeira asiática n.º 1 mundial. Em setembro tornara-se na primeira japonesa (mulher ou homem) a vencer um torneio de singulares do Grand Slam, no US Open, e agora foi a primeira a ganhar o Open da Austrália.

Em menos de um ano, a japonesa que também tem nacionalidade norte-americana – terá de optar por uma até aos 22 anos – conquistou três dos títulos mais importantes do mundo: os dois Majors e, em março, em Indian Wells.

Nesses torneios derrotou adversárias do calibre de Maria Sharapova, Agnieszka Radwanska, Karolina Plisková, Simona Halep, Aryna Sabalenka, Madison Keys, Serena Williams, Elina Svitolina e Petra Kvitová! 

Não estamos a falar de sorteios favoráveis. Teve de derrotar as melhores para levantar os troféus.

Mas embora estes dados sejam admiráveis, nada me impressionou mais do que este recorde: desde Jennifer Capriati em 2001 que não havia uma jogadora a vencer pela primeira vez um Major e a triunfar logo no torneio do Grand Slam seguinte. É tão raro que nunca aconteceu no ténis masculino.

Num ano, Naomi Osaka ascendeu mais de 70 lugares no ranking e lidou rapidamente com as crescentes expectativas e exigências de um estatuto em crescente progressão.

Tão jovem e oriunda de uma confluência familiar de mãe japonesa, pai haitiano e residência norte-americana, não era fácil administrar esse turbilhão de emoções e novos requisitos.

Admitiu que depois de Indian Wells viveu uma ressaca e entre esse sucesso na Califórnia e Roland Garros em junho só ganhou seis encontros e perdeu cinco.

Mas essa fase menos boa ajudou-a a impor-se em Nova Iorque, na tal famosa final do US Open arbitrada pelo português Carlos Ramos, na qual sentiu o público contra ela e a favor de Serena Williams, o seu ídolo de infância.

O modo como se comportou naquele caos mostrou estofo de campeã, mas o melhor estava para vir. Não se deslumbrou e após o US Open fez final em Tóquio, meias-finais em Pequim e, já este ano, meias-finais em Brisbane e vitória em Melbourne.

Não via esta insaciabilidade e regularidade desde Steffi Graf e Monica Seles. Em Melbourne até trouxe uma novidade, ao mostrar que também ganha quando não está inspirada e quatro dos seus sete encontros foram em três sets.

Nos Opens dos Estados Unidos e da Austrália entrou em campo de headphones a ouvir o tema Win de Jay Rock e neste momento só pensa em ganhar.

A sua nova motivação? «Provar que também sei ganhar noutros pisos para além de hardcourts». Já está com os olhos na terra batida de Roland Garros e na relva de Wimbledon.