O cenário de uma nova paralisação do governo federal norte–americano parece cada vez mais provável. “As negociações estão num impasse de momento”, garante o principal negociador republicano, o senador Richard Shelby. Os fundos temporários, aprovados o mês passado, com o objetivo de dar tempo para negociações e pondo fim à mais longa paralisação da história dos Estados Unidos, só duram até esta sexta-feira. Devido ao mínimo estabelecido de 72 horas para apresentar moções no Congresso, uma proposta terá de estar em cima da mesa até esta terça-feira.
Um dos principais assuntos em questão é o número de camas disponíveis para as agências fronteiriças, para detenção de migrantes. O financiamento atual vê como limite cerca de 40 mil camas para prisioneiros, um número ultrapassado na prática pela administração do presidente dos EUA, Donald Trump.
Os republicanos pretendem aumentar o limite de detidos para 52 mil – uma medida que vêm como central para limitar o número de imigrantes indocumentados que são libertados e aguardam audiência nos Estados Unidos para lhes ser permitido ou não permanecer no país.
Já os democratas pedem a diminuição das camas disponíveis para cerca de 35 mil, o que “obrigará a administração Trump a priorizar a deportação de criminosos ou de pessoas que colocam verdadeiras ameaças de segurança, em vez de visar cidadãos respeitadores da lei”, afirma a congressista Lucille Roybal–Allard, uma das principais negociadoras dos democratas.
Este choque salienta as diferentes abordagens no que toca ao funcionamento das agências fronteiriças. Mas a polémica proposta de Trump de construir um muro ao longo de toda a fronteira com o México, o motivo inicial da disputa, continua a dificultar as negociações.
“Nós temos feito progressos no que toca a fronteiras e número de camas disponíveis para as agências alfandegárias, mas os democratas não podem aceitar gastos em barreiras físicas superiores ao nível atual sem concessões dos republicanos”, declarou um assessor dos democratas à CNN.
O presidente Trump respondeu no Twitter à paragem nas negociações. “[Os democratas] querem uma paralisação”, garantiu o presidente, acrescentando que “estão a oferecer muito pouco dinheiro” para o muro.
Caso não haja avanços, coloca-se a hipótese de Trump declarar o estado de emergência, para conseguir os fundos que deseja, ou de uma nova paralisação do governo. Quando questionado sobre o assunto pela NBC, o chefe de gabinete da Casa Branca, Mick Mulvaney, respondeu: ”Se uma nova paralisação está fora de questão? Eu diria que não”.