A organização Braga Ciclável lamenta não ser tida em conta para a instalação na cidade de bicicletários, numa carta aberta ao presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, em que desanca no autarca social-democrata, referindo que “a partir de 2015, os planos então elaborados pelo Município de Braga para colocação de bicicletários em mais locais onde fazem falta, começaram, estranhamente, a ficar na gaveta”.
Segundo a Braga Ciclável, presidida pelo jovem Mário Meireles, “de então para cá houve alguns estacionamentos para bicicletas a serem eliminados, houve propostas vencedoras de orçamentos participativos a não serem executadas e os novos estacionamentos por que todos tanto esperávamos na cidade de Braga começaram a tardar”.
“A medida era destacada como uma das mais urgentes na Proposta Para Uma Mobilidade Sustentável, que foi lançada em 2012 e entregue ao Município e às várias forças políticas, incluindo ao então vereador Ricardo Rio”, na oposição ao presidente Mesquita Machado.
“A iniciativa serviu de mote para que passados alguns meses começassem a ser colocados bicicletários em alguns locais da cidade, muitos deles com elevada procura e em 2014, após a mudança de executivo municipal, houve novas reuniões, que conduziram a uma segunda fase de colocação de suportes de estacionamento do tipo Sheffield, bem como melhoramentos ao nível da sua sinalização”, recorda a Braga Ciclável na sua carta aberta.
“Já no dia 13 de dezembro de 2018 a arquiteta Filipa Corais, da Divisão de Trânsito e Mobilidade, apresentou publicamente, na segunda sessão do Grupo Local da Mobilidade, as 39 localizações previstas para afinal 78 bicicletários, anunciando ainda a sua colocação em 2018”, ainda segundo a Braga Ciclável.
“Desconsideração lamentável” e “erros básicos”
“No dia 29 de janeiro começamos finalmente a receber relatos de associados e fotografias sobre algumas estruturas que estavam a ser colocadas na via pública, que apesar da falta de sinalização pareciam ser bicicletários, mas com dimensões diferentes dos já instalados em Braga e fomos a esses locais avaliar a instalação dessas estruturas, cujas localizações coincidiam com algumas das apresentadas no Grupo Local, tendo verificado que havia problemas sérios ao nível das dimensões, localização e proteção dos bicicletários”, refere.
“Esta semana ficamos perplexos por vermos serem instalados bicicletários não previstos nesse plano, com uma má localização e sem respeitar as dimensões recomendadas dos guias”, acrescenta a Braga Ciclável.
“Desta vez nós não fomos considerados, nem ouvidos para a colocação dos bicicletários, pedimos acesso à localização prevista, mas recebemos a resposta que apenas saberíamos da localização depois desta ser divulgada pelo município e das infraestruturas serem colocadas”, afirmando ser “uma desconsideração lamentável e que levou a erros básicos”, afirma a Braga Ciclável, das principais organizações portuguesas de amantes da bicicleta.
“Surpreende-nos agora ver uma alteração como esta que acaba sendo um retrocesso na qualidade das infraestruturas instaladas e na política anteriormente assumida, não fazendo sentido mudar o tipo de suporte, sem uma estratégia fundamentada e sem manter um design igual para melhor perceção da população relativamente à função dos suportes”, de acordo ainda com a carta aberta também subscrita pelo vice-presidente da Braga Ciclável, Victor Domingos, lamentando igualmente que “tenha sido declinada a possibilidade de consulta prévia ao projeto”, apesar de “termos escrito ao presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, requerendo o acesso à localização dos restantes bicicletários, bem como a calendarização da sua instalação e os planos futuros de expansão do sistema de parqueamento de bicicletas, no sentido de avaliar a adequação das localizações previstas”.